Jornal Aldrava Cultural
Édson Batista da Silva

AO MEU PAI ÉDSON BATISTA DA SILVA, COM CARINHO.

ANDRÉIA DONADON LEAL

No ano de 2008, no Estádio Raimundo Edson da Costa, A Secretaria Municipal do Governo e Esporte do Município de Santa Bárbara, outorgou Medalhas de Honra ao Mérito aos Grandes Esportistas dessa cidade mineira, nos anos de Glória de Futebol. Santa Bárbara também gerou grandes atletas que ao longo dos anos colocaram a cidade tricentenária no cenário do futebol mineiro. Merecem destaque os irmãos Baptista futebolistas: Maurício, Gemada, Tição, Didi Jacaré e outros grandes expoentes do futebol santa-barbarense.

Edson Batista da Silva, mais conhecido como DIDI JACARÉ, trabalhou na MIP nas décadas de 60 a 83 e foi Secretário de Gabinete e Financeiro da Prefeitura Municipal de Santa Bárbara até meados dos anos 90. Um dos contemplados com a Medalha de Honra ao Mérito aos “Grandes Esportistas” pela promoção do Futebol santa-barbarense nos anos de 1955 até 1980. Foi zagueiro e meio campo no Time União Esporte Clube, Atlético e Aliado.

Aí vai minha pieguice e sentimento de amor incondicional pela figura desse homem tão especial: meu pai, de quatros irmãos, pai dos irmãos, pai dos filhos dos filhos... Talvez seja fácil para uma filha elogiar ou poetar sobre o pai, simplesmente pelo sentimento paternal ou sangüíneo. Talvez e quem sabe seja puxa-saquismo mesmo dizer que ele foi o melhor pai do mundo e representação de segurança. Lembra pai, quando chegava da universidade, em tempos de chuva ou em tempo estiado, lá pelas zero hora e trinta minutos, de Mariana a Santa Bárbara, todos os dias, 75 km de estrada de pó, poeira e nos meses de quaresmeiras, 4 anos consecutivos, e você sempre na janela esperando a Kombi me deixar na porta de casa. Deixava as luzes das escadas acesas, por que sempre tive medo do escuro... Ao subir vagarosamente os topes, sua figura aparecia abrindo a porta de casa para mim. Esse ato é a representação de segurança que um pai passa ao filho: duas trancas na porta depois que eu retornava ao lar, em segurança, escutando você fechar a porta. Mais um dia se encerrava. Mais um dia de trabalho, mais um dia de estudos. Lembra quantas vezes me levou de carro para a escola? Não foram algumas, foi o tempo em que estudei e trabalhei. E o café passado todas as manhãs? Lembrei também que o senhor me acordava todos os dias. Uma batidinha discreta na porta do quarto e um pigarro:

- Andréia?

Uma pergunta que eu respondia meio sonolenta:

- Hum? Despertava.

Hoje todos os filhos estão formados, pai. Eu, escritora e artista plástica, um pedaço de você. Não são minhas mãos que pintam a tela, são nossas mãos, minhas e as suas. Não é minha inspiração que transcreve versos ou prosas para o papel, são nossas inspirações. Somos continuidade de nossa mãe e sua. Você poderia ter sido um grande escritor, poderia ter sido um grande artista plástico, mas escolheu ser um Grande Pai mesclado com alguns traços de médico, advogado, prefeito, segurança, professor, poeta, administrador e artista. Um ser metonímico e completo, um grande homem. Falar que amamos você seria repetir o que já sabe. Nosso carinho, preocupação e amor são estupidamente visíveis, escancarados. Somos até meio “babões” e no exagero um pouco pai de você também. Um quinteto quase perfeito, somos humanos e não estamos isentos dos defeitos inerentes a raça. Ninguém está pai... Ninguém! Esse ano não quero festejar o natal com luzes, enfeites e glamour. Jesus nasceu em berço de palha e viveu sem luxo, com tão pouco que ainda soube dividir o que tinha. “Viveu sem ter quase nada: do berço de palha a cruz”. (Gabriel Bicalho)

Quero que você drible as intempéries que surgiram, como numa partida de futebol, com o peito inclinado, pernas e braços fortalecidos, correndo pelos tapetes da vida. Bola na rede, pai, você é um grande homem! Nessa partida, você está com um paredão de um quinteto de filhos quase perfeitos, uma porção de netos, irmãos e muitas pessoas que ficarão na defesa ou até mesmo no ataque.

- Espero você no Natal na Rua Maria Carolina, casa de número 208, centro, Santa Bárbara – MG, e nos dias em que estiver em casa para fechar e passar duas trancas na porta depois que eu chegar... Depois que eu chegar...