Jornal Aldrava Cultural
Poesia de Andreia Donadon Leal

Andreia Donadon Leal

Andreia Donadon Leal (Deia Leal), natural de Itabira, MG, cresceu em Santa Bárbara, MG e atualmente reside em Mariana, MG. Seu ateliê fica em sua residência, onde mantém um conjunto representativo de obras em exposição.
Andreia Donadon Leal, também poeta e contista, licenciada em Letras pela UFOP, produz arte aldravista, de orientação metonímica, cujos traços apresentam apenas parte de algo na expressão de uma totalidade, ou uma totalidade que expressa apenas uma visão específica de uma representação pincelada pela liberdade constitutiva da arte.
Publica poesias e contos no jornal Aldrava desde 2002.
• Publicou o livro de Hai-kais “Nas Sendas de Bashô” em 2005 com a senda I – Quase!
• Publicação de poemas e contos em sites do Chile e da Espanha.
• Premiada no 4º CECON, Concurso Estadual de Contos, 2004, do CLESI, Ipatinga, MG, com o conto Flora.
• Premiada no 5º CECON, 2005, do CLESI, com o conto Amanhã, hoje, ontem!
• 1º lugar no Concurso Nacional de Poesias “Prêmio Cataratas” - 2006 - com a obra ‘ANJOS DA TERRA’ – Foz do Iguaçu.
• Publicou o livro Cenário Noturno (poesia) Aldrava Letras e Artes, 2007.
• Publicou o livro 'Ventre I'. In: Ventre de Minas. Aldrava Letras e Artes, 2009.
• Publicou o livro de contos Flora: amor e demência. Aldrava Letras e Artes, 2010.
• Publicou o livro de poesia essências: sonhos e freutos e luzes. Aldrava Letras e Artes. 2011.
• Organizou o livro Lumens. Aldrava Letras e Artes. 2011.
• Organizou o livro
Écrivains Contemporais du Minas Gerais. Yvelin / Divine Éditions. Paris, 2011.
• Ilustradora do Jornal Aldrava Cultural

Homenagem de Andreia Donadon Leal à sua mãe
74 anos de Maria Aparecida Ferreira Silva


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Sonho V

                   Andreia Donadon Leal

Imagens são sonhos afetos
colam nas telas
nas fotografias
e lembram alguma coisa
de esculturação natural
imagens são sonhos afetos
a beijar uma superfície


Rêve V

tradução: Athanase Vantchev de Thracy

Les images sont des rêves
Pleins d’affection,
On les retrouve sur les écrans,
Dans les photographies,
Elles sont semblables à des sculptures vivantes.
Les images sont des rêves
Pleins d’affection,
Des rêves qui posent leurs baisers
Sur des surfaces lisses

beija-flor - desenho de Deia Leal

ANJOS


Anjos caem do céu
:
negros
brancos
pardos
amarelos
e
anunciam
:
no céu

na terra,
todos filhos de Deus!




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Andréia Donadon Leal é nomeada membro efetivo
da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores

Mariana
                                                    Andréia Donadon Leal

Ouviram das ruas de mariana
badalos festivos de sinos
macios
puros
divinos
e ternas
vozes de crianças.

Ouviram da rachadura do céu
sincopada banda do mestre Gegê
canto de anjos
gorjeio uníssono de pintassilgos
sabiás e bem-te-vis.

durão!
cláudio!
alphonsus!
ecos poéticos
inversa canção:
zumbidos soprados
v e n t o s declamados
Ouviram das montanhas de minas

No céu
na terra
nas montanhas
no Ribeirão do Carmo
ouviram diversas vozes
em som retumbante
mariana!
pátria amada de minas!

Não sou Lagartixa

Disseram que sou esquisita,
isto sei desde menina...
De tão esquisita
não pareço
nem uma lagartixa.
Sou tão esquisita
que
lagartixa
é
mais bonita.
Talvez quiseram dizer
que sou feia
sem graça
sem jeito
e
esquisita.
Sou esquisita mesmo
e
não pareço lagartixa.


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Viver Eternamente


Se falasse a língua de deus
minha alma não se perderia
no lixo cósmico.
Quisera viver inutilmente
mais
e
mais
e
mais,
ainda exausto de viver.
Esta exaustão infinita
escrava
perpétua
viciada
:
viver
e
rastejar
meu corpo gelatinoso
pelas calles pedregosas,
mais
e
mais
ainda mais....
Meu corpo se decompondo,
esta decomposição lasciva
de pele desbotada
frisada de pregas
e
flácida idade.
Meu clamor será ironizado
esquartejado
:
viver mais
e
mais
e
ainda mais
e
ainda muito mais...

O Fogo da Vaidade

Mortais!
Danados mortais.
Que rei sou eu?!
Impetuoso,
acumulado de ira intelectual
desacordado de realidade,
carne e bife tirado da unha
do cotovelo destroçado.

Que rei sou eu?!
Enviesado nas minhas ocres palavras
em meu castelo de paredes mofadas
enclausurado em versos fora de moda.
Que fogo intenso
feito brasa chapada
não queima,
dói
e
corrói lentamente
minhas entranhas
e ossos comidos de osteoporose
pelo calor da idade?
Minha clausura não me basta,
os out-doors da cidade
picham caras de santo;
não santos esculpidos
pelas mãos de Aleijadinho,
não santos pintados
nas naves das igrejas
pelas mãos de Athaíde.

Eu, na minha clausura
escondo meus defeitos
muerto e apagado
feito fumaça que levanta vôo
na brasa que queima
minha alma!
Que rei sou eu
que evapora junto
com as cinzas da morte?!

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Zumbidos

Tela “La Cabalgata de los Zombies” de Antonio Gualda

http://gualda.galeon.com/id134.htm


Não há luz
na calada noite preta,
vozes não há...
Há sombras vagando
(câmera lenta)
s o l t a s
d e s p r e n d i d a s
insanas.
Zumbidos
zombam ouvidos,
mais fortes
ecoam
zumbidos zombando de mim.

 


Homenagem recebida

Sílvia Araújo Motta (Presidente do Clube Brasileiro de Língua Portuguesa)
Quinta, 15 de novembro de 2007 as 17:38h
1623-ANDREIA DONADON APARECIDA SILVA LEAL -Artista na Tela e na Escrita Mineira /Mariana.
Acróstico-biográfico Nº 1623

A-Andréia Donadon Leal, Artista Plástica,
N-Natural de Itabira, cresceu em Sta. Bárbara.
D-Déia Leal, ilustradora do Jornal Cultural,
R-Revolucionário mineiro chamado Aldrava,
E-Em Mariana,onde mora, atualmente.
I-Inúmeras premiações municipais,nacionais
A-Até internacionais, nas Artes, em geral.
-
D-Dona do terceiro Prêmio Internacional
O-Obras: “Outono” “Outono em Chamas” (2006)
N-No Concurso de Artes Plásticas(pequenas telas)
A-“Antônio Gralda” em Granada, Espanha.
D-Da jovem trintenária, as belas exposições:
O-O “Portal da Fuga”, “Big-Bang”, “Palácios”
N-Na “Era das Futilidades” “Portal do Templo”
-
A-Artista Aldravista, na Escola Estadual D. Benevides,
P-Participou do projeto educacional “Da Arte Poética
A-À Alfabetização- por meio da poemática dos haikais.
R-Referência da Associação Aldravista Letras e Artes,
E-Especialmente pela publicação da mestra com alunos!
C-Com tela publicada, na CAPA no Caderno de Domingo,
I-Imensa alegria teve no Jornal Hoje em Dia, de Minas,
D-Das crônicas escritas “Gosto de estudar” traz também
A-Apreciação especial no texto “Meu Vaso de Flores...
-
S-Sua exposição de telas nas ruas de Mariana
I-Iluminaram olhos participantes e passantes...
L-Levaram a inquietação, à curiosidade, à inovação,
V-Valeu a sugestão! Ateliê mineiro foi às Praças...
A-Agora, é Membro Honorário do InBraCi.(*)
(*) Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais.

L-Ledora, leitora, escritora, cronista, haicaísta,
E-É autora de 74 textos na Prosa e Poesia virtual,
A-Alcançou 1042 leituras, no espaço Recantista...
L-Liberdade é sua expressão de um SER racional.
-

Belo Horizonte, 15 de novembro de 2007.

Nota:
(*)Publica poesias e contos no jornal Aldrava desde 2002.
• Publicou o livro de Hai-kais “Nas Sendas de Bashô” em 2005 com a senda I – Quase!
• Publicação de poemas e contos em sites do Chile e da Espanha.
• Premiada no 4º CECON, Concurso Estadual de Contos, 2004, do CLESI, Ipatinga, MG, com o conto Flora.
• Premiada no 5º CECON, 2005, do CLESI, com o conto Amanhã, hoje, ontem!
• 1º lugar no Concurso Nacional de Poesias “Prêmio Cataratas” - 2006 - com a obra ‘ANJOS DA TERRA’ – Foz do Iguaçu.
• Ilustradora do Jornal Aldrava Cultural
Neste ano, no MASP, ganhou medalha de ouro porque participou da mostra itinerante que correu a Europa e chegou à Tailândia.

crônica

VOA PENSAMENTO

As homenagens que recebo em momentos especiais são grandiosas e geralmente não sei o que falar por causa da emoção. Vêm em palavras, em flores, em mimos, em toques carinhosos, em lembranças. Geralmente tropeço, fico muda, na tentativa e teimosia de balbuciar o agradecimento, vem à gagueira. Gaga, corada, com os olhos marejados de água, a boca muda e seca, o pensamento falho e as palavras caminhando léguas bem longe de minha boca, ou melhor, voam, voam como se criassem asas. Minha mãe me falou que desde pequena sou emotiva, chorona e muito apegada às pessoas.... Sou uma pessoa amável e amada que encontrou no caminho flores que perfumam meu dia, minha noite e mais uma cena da vida. O ser anda meio cansado e fragilizado, com a ponta da alma machucada pela ingenuidade. Mas o dodói quase desaparece no sopro divino das homenagens que vêm repletas de bálsamo nas palavras, nas imagens, no toque, no olhar, no beijo, no abraço.... Chegar até aqui não foi fácil. São muitos passos, alguns arrastados e outros largos. Não fraquejei, pois a fé é do tamanho dos meus sonhos. Meus sonhos vão e retornam, no meio do caminho, no início... Ainda não cheguei ao fim. Seja quando e como Deus quiser, por que o caminho é finito, efêmero, frágil, caminhando a passos largos ou pequeninos. Amanhã é mais um dia que nasce e junto com ele, o sol desperta com o canto do galo, com o canto dos pássaros, com o canto da mãe passando café na cozinha, com o canto do pai levantando cedo para trabalhar, com o canto do estudante atravessando a rua, com o canto do trabalhador saindo de seu lar. De manhãzinha o sol é travesso em minha casa, passeia pela cortina do quarto e emiti ondas visuais para me despertar. Um sol travesso, colorido, com os olhos brincalhões e a boca desenhada em um largo sorriso. Sinto o toque do sol fazendo cócegas no meu nariz. A manhã efêmera, como a noite que carcome a luz do dia e esparrama no céu cacos de luzes. Sírius, Alfa, Beta, Gama... E tantas outras estrelas que despontam e alumiam o céu dos namorados, dos amantes, das pessoas que se amam e têm tempo de sentar na varanda de casa, de mãos dadas ou abraçadas e deixar o pensamento livre para namorar a noite, para namorar o perfume das flores, para namorar o perfume da terra, para namorar o perfume da vida. Voa pensamento para além do automatismo diário. Para além, muito além, por que depois que o sol se mancha no alto do horizonte, a lua nasce, as estrelas despontam no cenário do amor e será outro dia despontado. Voa pensamento, por que depois a vida passa...
Andreia Donadon Leal - Déia Leal
17/setembro/2008

GOSTO DE ESTUDAR, MAS NÃO QUERO IR PARA A ESCOLA

Andréia Donadon Leal
Graduada em Letras pela UFOP
Pós-graduanda em Artes Visuais


“Às vezes tenho que ir para a escola, mas não quero...” Esta frase, li em produção de texto de aluno de escola pública. E digo: o grito pungente e altissonante da criança não era porque não gostava de estudar. “Gosto de estudar, só não gosto de ir para a escola e ficar o tempo inteiro lá. Um menino de dez anos de idade bradando isto em pleno século XXI, enquanto as autoridades competentes distribuem continuamente folhetos e mais folhetos e livrinhos bem diagramados e em papel caríssimo com grandes teorias pedagógicas e métodos de aprendizagem; fartura de material impresso com idéias mirabolantes e falta de estrutura pedagógica, física e administrativa nas escolas?! Especialistas e professores convivem com esse cenário triste dentro da instituição escolar; a realidade do espaço que condiz com o ensino REAL e não com o IDEAL de um governo que gasta um “gordo” dinheiro com cursos de capacitação e atualizações inócuas. Não é fácil ler um texto de uma criança que fala que não quer ir para escola, porque faz calor insuportável dentro da sala de aula ou cai água da chuva dentro da mesma ou que a escola é feia, está caindo aos pedaços, com professores tristes, nervosos, que não riem, com cantineira que xinga quando alguém pergunta qual o cardápio do dia ou se pode ter “repetição”. A escola dessa criança não tem salas com cortinas, ventiladores, quadro liso (sem buracos), cantinhos de leitura; uma biblioteca onde possa sentar-se para ler os livros. Essas salas de aula não têm cartazes coloridos que tapam as paredes descascadas e mofadas; não por que a professora não faz, mas por que falta material. Essa escola não tem refeitório em que possa sentar-se para comer decentemente. “Não gosto de ir para escola, mas gosto de estudar”... Não defendo interesses particulares ou o que a epistemologia chama de “a agenda oculta”, nem proponho mais gasto em educação ou aumento salarial dos profissionais, isto já está mais que batido e rebatido pelos escritos. Não é simples governar o sistema educacional brasileiro com objetivo de desenvolvimento justo para todos os cidadãos. Ainda mais hoje, quando um sistema promove discussão e polêmica em torno de adjacências, como as das cotas e esquece de investir no ensino público, no ensino básico- cerne da questão.
A escola de tempo integral foi idealizada pelo mestre Darcy Ribeiro e deveria ser um lugar de redução de injustiça social com o mínimo de seis horas diárias, com atividades que fossem além do ensino e da aprendizagem, ou seja, um espaço de instrução, orientação artística, desenvolvimento das ciências, assistência médica, odontológica, alimentar, práticas orientadas como tomar banho ou escovar os dentes, um local propício para formar o cidadão crítico. O Estado está começando a implantar escola em tempo integral em alguns estabelecimentos de ensino de forma caótica, sem as mínimas condições de funcionamento e sem profissionais preparados para cumprir o plano diário das atividades, sem estrutura física adequada para o início do caminho. Começar sem estrutura pedagógica e espacial é suicídio educacional, e pior, suicídio da vontade e do desejo da criança de ir para a escola. Suicídio do ensino público! A criança ao sair de casa deve encontrar na escola um espaço acolhedor, decente e bonito. Escola tem que ser um lugar BONITO com letras maiúsculas. Sem goteiras que cutucam as cabeças das crianças, sem calor insuportável nas salas, com cortinas coloridas, com ventiladores, televisão, quadra esportiva, com assistência médica, odontológica, psicológica, fonoaudiológica... Profissionais especializados para a completa assistência aos alunos em sua formação, e um professor bem preparado, estimulado e com pleno domínio da norma culta da Língua Portuguesa! Esta é a escola almejada pelas crianças da escola pública do país. Deixo aqui de bandeja para os analfabetos de consciência a frase do saudoso educador Darcy Ribeiro:
“A rica direita brasileira, desde sempre no poder, sempre soube dar, aqui ou lá fora, a melhor educação a seus filhos. Aos pobres dava a caridade educativa mais barata que pudesse, indiferente à sua qualidade.” (Darcy Ribeiro)