Registrada em 06 de abril de 2009

A ALACIB é uma Associação Literária sem fins econômicos, com sede e foro em Mariana, Minas Gerais, CNPJ 10778442/0001-17. Tem por objetivo a difusão da cultura e o incentivo às Letras e às Artes, de acordo com as normas estabelecidas no seu Regimento. Registrada em 06 de abril de 2009.

Diretoria da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil
Presidente: Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
Vice-Presidente: J.S. Ferreira

Secretário-Geral: Gabriel Bicalho
Tesoureiro: J. B. Donadon-Leal
Promotora de Eventos Culturais: Hebe Maria Rôla Santos
Conselho Fiscal e Cultural: José Luiz Foureaux de Souza Júnior, Magna das Graças Campos e Anício Chaves

Acadêmico VÍTOR ESCUDERO
Cadeira nº 04
Classe - Correspondente estrangeiro
Lisboa - Portugal


 

Notas Biográficas de Vítor Manuel Escudero de Campos

Vítor Manuel Escudero de Campos, nasceu em Lisboa, a 14 de Agosto de 1958, na Freguesia de São Jorge de Arroios. Cursou Sociologia e fez o Curso de Pós-Graduação em Sociologia das Religiões, no Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa. Cursou o IADE, em vários Cursos Livres, nomeadamente em Desenho, História da Arte e Marketing. É Licenciado em História, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, de Lisboa. Frequenta o Curso de Pós-Graduação em História, Memórias e Identidades de Lisboa, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, de Lisboa. Profissionalizou-se como Jornalista, tendo passado pelas Redacções de “O Templário”, “Cidade de Tomar”, “O Sol”, “O Diabo”, “A Rua”, “A Tribuna”, “Diário de Coimbra”, “Jornal de Turismo”, semanário “Turismo”, revista “Portugal – Turismo e Actualidades” e “Correio da Manhã”. Especializou-se, primeiramente, em jornalismo de Turismo e, mais tarde, na área das Ciências Auxiliares da História e Cultura em geral. Fez vários cursos livres, seminários e congressos, tendo passado a assegurar com regularidade a Crítica Tauromáquica e a Crítica de Arte. Foi Chefe de Redacção do semanário “Domingo”; Director-Adjunto da Agência de Notícias e Editora “Portugal Press” e Director das revistas “O Sector 1”, “Festa”, “Crónica Taurina” e “Tauromaquia”. Na actualidade é, ainda como Jornalista, Director-Adjunto da revista “Novo Burladero”, tendo comemorado em 2008 os seus 30 Anos de fundação e actividade ininterrupta. Foi Membro Fundador do “Prémio Fernando Pessoa de Jornalismo” e Secretário do respectivo Júri, durante as quatro primeiras edições do Prémio. Como Jornalista e Crítico Tauromáquico foi Correspondente em Portugal da revista de temática espanhola “6 Toros 6”, tendo colaborado ainda com outras publicações espanholas e francesas. Como Crítico de Arte, assegura há já vários anos uma secção mensal – revista “Novo Burladero” - na qual apresenta e faz o arrolamento dos Artistas Plásticos com Temática Tauromáquica. Fez parte do Júri Internacional do “Prémio Penagos de Desenho” (Espanha), patrocinado pela Mapfre Vida; e colaborou activamente com a organização e o júri de vários certames e exposições de artes plásticas (Casa do Ribatejo, Grupo dos Amigos de Lisboa, Câmaras Municipais de Vila Franca de Xira, Santarém, Angra do Heroísmo, Benavente, Alcochete, Montijo, Sintra e Lisboa, Junta de Turismo do Estoril, etc...). Foi o organizador, o promotor e o apresentador em Portugal, das Primeiras Exposições Individuais dos pintores espanhóis: Luís Francisco “Esplá”, Nuñez-Cortês, Jacaranda Albaicín, Jesus Soler, Lucia Losán, Victor Pulido, José María Franco e López Canito. Foi, ainda, promotor e apresentador em Portugal dos Escultores Victor Pulido e Alberto Germán, ambos espanhóis. Como Jornalista e Crítico de Arte, proferiu inúmeras Conferências e assinou diversos trabalhos, nomeadamente textos para Catálogos dos seguintes Artistas Plásticos: Bual, Christine Hélène, António Martin Maqueda, Domingos Saraiva, Manuel Fernandes, Rui Fernandes, António Araújo, António Inverno, Jacaranda Albaicín, Vicente Castell-Allonso, Moita de Macedo, Carlos Ramos, Rogério de Abreu, Rogério Timóteo, Francisco Simões, Ana Maria Malta, António Sardinha, Cristina Maldonado, Fernando Castello Branco (Pombeiro), João Cutileiro, Luís de Sousa Cabral,
Manuel Goes, Gitana, Pedro Nunes, Maria de Freitas, Sabine Marciniak, Saulo Silveira, Jayr Peny, Marcello de Moraes, António Severino, Jorge Macieira, Ricardo Paula, Alberto Germán, Conde de Guedes, José María Franco e Ricardo Passos. Foi durante mais de dez anos o Director da Galeria de Arte do Palácio Valmor, Clube de Empresários, em Lisboa, de parceria com o seu concessionário Mestre António Clara. Foi, também, o Responsável pela Galeria de Arte do Castelo de Ourém, sob o alto patrocínio da Fundação Cultural Oureana e da Sereníssima e Real Casa dos Duques de Bragança. Em 2003, inaugura o seu espaço próprio, na Alta de Lisboa/Quinta do Lambert, em Lisboa. A “ESCUDERO – Galeria de Artes e Letras”, onde acolhe exposições de Pintura, Escultura, Serigrafia, Gravura, Fotografia e o lançamento de livros de cultura.
É autor ou co-autor dos livros:
S.M. o Rei D. Juan Carlos I, de Espanha, O Amigo de Portugal, 2008
Salazar, O Maior Português do Século XX, 2008
A Família Veiga (Frade) de Lavre, 2004
Dicionário da História de Lisboa (Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena), 1994
Diamantino Vizeu – Primeiro Matador de Toiros Português, 1987
Foi agraciado com:
Cavaleiro da Real Ordem Dinástica de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, da Casa de Bragança, Dezembro de 2006.
Grã – Cruz da Real Ordem Dinástica de São Miguel da Ala, da Casa de Bragança, Decreto nº 06, de 29 de Setembro de 2006.
Oficial da Real Ordem de São Maurício e São Lázaro, da Casa Real de Sabóia, 2008.
Cavaleiro de Jure Sanguinis da Sagrada e Militar Ordem Constantiniana de São Jorge, da Casa Real das Duas Sicílias, 2007.
Grã – Cruz da Ordem da Águia da Geórgia e da Túnica Inconsútil de Nosso Senhor Jesus Cristo, 2008.
Grã – Cruz da Ordem da Coroa da Geórgia, 2009.
Senador da Ordem da Rainha Tamara da Geórgia, 2010.
Grã – Cruz da Real Ordem da Coroa do Egipto, 2009.
Grande Oficial da Ordem “Pro Merito Melitensi” da Soberana e Militar Ordem de Malta, Roma, 2010.
Comendador da Ordem “Pro Merito Melitensi” da Soberana e Militar Ordem de Malta, Roma, 2008.
Comendador da Real Ordem da Coroa do Egipto, 2008.
Grã – Cruz da Real Ordem do Crescente de África, do Egipto, 2010.
Grande - Oficial da Imperial Ordem do Dragão de Annam, da Casa Imperial do Vietnam, 2006.
Grã – Cruz da Ordem Real do Grou do Ruanda, por iniciativa pessoal de S.M. o Rei Kigeli V, do Ruanda, em 26 de Setembro de 2006.
Grã – Cruz da Ordem Real do Leão do Ruanda, por iniciativa pessoal de S.M. o Rei Kigeli V, do Ruanda, em 26 de Setembro de 2006.
Comendador da Ordem Real do Leão do Ruanda, Decreto nº 143, de 15 de Agosto de 2006.
Cruz de Oficial da Ordem de Mérito Civil de Espanha, por iniciativa pessoal de S.M. o Rei D. Juan Carlos, em 24 de Junho de 2005.
Cruz “Pro Merito Melitensi” da Soberana e Militar Ordem de Malta, Decreto nº 32199, de Roma, 11 de Fevereiro de 2004.
Grã – Cruz da Ordem da Santíssima Trindade da Etiópia, por iniciativa pessoal de S.A.I.R. o Príncipe Ermias Sahlé-Seilassié, 2010.
Grã – Cruz da Ordem de Mennelik da Etiópia, por iniciativa pessoal de S.A.I.R. o Príncipe Ermias Sahlé-Seilassié, 2011.
Comendador da Ordem da Estrela da Etiópia, Decreto nº 1.637, de 29 de Agosto de 2003.
Comendador da Ordem Dinástica de São Miguel da Ala, da Casa de Bragança, Decreto nº 89, de 29 de Setembro de 2003.
Cavaleiro Honorário da Ordem Dinástica de São Miguel da Ala, da Casa de Bragança, Decreto nº 141, de 29 de Setembro de 2002.
Cavaleiro da Ordem Dinástica de São Miguel da Ala, da Casa de Bragança, investido em 29 de Setembro de 1985.
Título de Mestre de Cerimónias da Ordem Dinástica de São Miguel da Ala, da Casa de Bragança, Decreto nº 88/04, de 5/3/2004.
Cruz de Mérito da Causa Monárquica, Registo nº 157/1993 – Ordem no Grau nº 65
Medalha “Cruz Vermelha de Dedicação”, da Cruz Vermelha Portuguesa, em 2003.
Medalha “Cruz Vermelha de Agradecimento” da Cruz Vermelha Portuguesa, em 1993.
Medalha de Reconhecimento da Cruz Vermelha Portuguesa, em 1987.
Alvará do Conselho de Nobreza de Portugal, nº 1521, de 30 de Abril de 1994, reconhecendo o Direito ao uso das Armas Familiares de Costa, Freitas, Guimarães e Vasconcelos e o privilégio de usar Coronel de Nobreza.
É Senhor, de forma hereditária, dos títulos de Marquês e Conde de São Vítor, Conde de Carregais do Lavre e Visconde de Escudero de Campos.
Recebeu prémios, louvores públicos, oficiais e particulares, pela sua competência profissional, dedicação, integridade e lealdade, assim como pela defesa, divulgação e dignificação de vários aspectos da nossa cultura em Portugal e além fronteiras...
É Sócio de Honra de:
- Ateneo Artítico y Cultural de Castellón
- Archicofradía del Apóstol Santiago, de Santiago de Compostela
- Federación Taurina Riojana
- Club Taurino de Logroño
- Federación Taurina Manchega
- Club Taurino de Ciudad Real
- Peña Taurina ‘Tofolet’, de Castellón
- Club Taurino “Victorino Martín”, de Villareal de Los Infantes
- Club Taurino de Valência
- Aposento do Barrete Verde de Alcochete
- Grupo Tauromáquico ‘Sector 1’, de Lisboa
- Napoleonic Society of America
- Troféu ‘Toro de Oro’, ao Mérito Cultural Taurino Internacional, em 1987, do Club Taurino de Castellón
- Placa de Prata do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, em 1991
- Placa de Reconhecimento e Louvor do Grupo Tauromáquico ‘Sector 1’, em 1989
- Placa de Louvor da Tertúlia Tauromáquica Sobralense, em 1999
É, ainda Irmão das:
Irmandade da Santa Cruz e Passos de Nosso Senhor da Graça
Irmandade do Santíssimo da Basílica de Nossa Senhora dos Mártires
Confraria do Apóstolo Santiago Maior da Basílica de Nossa Senhora dos Mártires, de que é Vicepresidente.
Como escultor é autor de inúmeros projectos de Medalhística e Falerística, tendo apresentado trabalhos a vários concursos, nomeadamente: Primeira Edição do Prémio de Medalha Contemporânea Dorita de Castel-Branco (2001); Exposição-Concurso de Medalhística do Gabinete de Informação Universitária da Universidade de Coimbra (2002); e Exposição-Concurso do Encontro FIDEM – Federação Internacional da Medalha, em Alcobaça (2002).
Desde 1987, acumula funções, como Director-Geral de Comunicação, Meios e Imagem do Grupo Mapfre em Portugal; Director-Adjunto de Marketing do Banco de Comércio e Indústria (hoje Banco Santander); Director-Geral
do Grupo Open; e, (presentemente) Conselheiro da Administração e Director de Marketing do Grupo Sousa Pedro, SGPS, S.A. .
É ainda, Fundador e Secretário-Geral da Fundação SOUSA PEDRO e Director Artístico da sua Galeria de Arte.
Foi Consultor de Comunicação Social e Arte para a BRAINSTORM – Total Marketing Services; ÁPICE – Comunicação e Marketing Estratégico; QUATRO LUZES – Consultores Associados; e, THE WALT DISNEY COMPANY, España.
É Membro da Academia Nacional de Belas-Artes; da Academia de Letras e Artes (sendo seu Chanceler); da Academia Portuguesa de Ex-Líbris (sendo seu Secretário-Geral); da Sociedade de Geografia de Lisboa (sendo efectivo da Secção de Genealogia e Heráldica e da Secção de História ); do Instituto Português de Heráldica; da Academia Lusitana de Heráldica; da Academia de Heráldica do Algarve; da Associação Portuguesa de Genealogia; do Colégio Brasileiro de Genealogia; do Círculo Eça de Queiroz (onde foi responsável pelas “Tertúlias Literárias”, animadas pelos
Académicos António Valdemar, Carlos Antero Ferreira, António Inverno, etc...); da Real Tertúlia D. Miguel I (sendo seu Fundador e Sócio nº 1); da Real Associação de Lisboa; do Grupo Tauromáquico ‘Sector 1’ (de que foi Presidente em 1999/2000); da Associação da Imprensa não diária; da Associação de Jornalistas e Escritores Portugueses de Turismo (de que foi Vice-Presidente da Assembleia Geral); da Casa da Imprensa; da Federation Internationale des Journalistes et Ecrivains du Tourisme; da Associação da Nobreza Histórica de Portugal; da Academia Internacional de Heráldica, de que é Presidente da Delegação de Portugal; e do Instituto de Estudos Histórico-Militares Napoleão I (de que foi Fundador e é Presidente do Directório).
É Membro e Coordenador da Secção de Genealogia, Heráldica e Falerística e Membro da Secção de História da Ciência e do Património da Linha de Investigação História, Memória e Sociedade, do CPES – Centro de Pesquisa e Estudos Sociais, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, de Lisboa.

Ensaio de Vítor Escudero

O Infantilismo e a Vitimização
ou a incapacidade de ser feliz…


- Subsídios para uma leitura crítica do texto
Filhos e Vítimas: o tempo da inocência,
de Pascal Bruckner
[1]

Sou feliz só por preguiça.
A infelicidade dá uma trabalheira...
Mia Couto

Introdução

Devida e naturalmente contextualizado na história das culturas e das mentalidades, ao nível do pensamento contemporâneo, este breve deambular crítico, interpretativo e (re)criador, remete-nos, como grande tema de partida, para o paradigma socio-cultural (europeu) da modernidade, observado na sua própria génese ou seja, sem o desenraizar, de um outro - não menos importante e ele próprio emblemático modelo da mudança fracturante, dos difíceis tempos que nos coube em sorte viver - conceito filosófico que, neste caso, será o técnico-científico (quinto e último dos cinco principais arquétipos da História)…podemos, assim, assumir como palavra de ordem, de suma e perturbante actualidade, a… incerteza.
Com efeito, perdemos já várias certezas. Desde logo, a divina ou pré-determinativa e, não menos importante, a mais recente, a da auto-determinação, de que era e é bandeira a Liberdade. Uma liberdade que, concede direitos mas exige deveres. Deveres que acarretam responsabilidade e, de forma específica, a responsabilidade individual que, sem uma verdadeira partilha de valores, uma escola responsável, uma família harmoniosa, uma criação equilibrada e uma integração justa e devida, com plena satisfação das necessidades básicas de um quotidiano de vivências em frateria – educação, saúde, habitação e transportes – pode, com facilidade, evoluir, ou melhor, regredir para uma ausência de convicções, um vazio de massa crítica (sem a qual, não se pode optar!) e auto-estima, essenciais ao estímulo de sentimentos, afectos e emoções… Com efeito, sem uma verdadeira e sensível avaliação introspectiva do que sentimos, no nosso mais íntimo jardim secreto, em detrimento do que pensamos - quantas e quantas vezes de forma falaciosa, fruto da sociedade de consumo em que nos exaurimos sem nos (re)encontrarmos -, sem um livre arbítrio bem oleado pela satisfação pessoal do bem colectivo de uma res pública saudável, estamos, de forma indelével, a caminhar para uma fácil desresponsabilização, um permanente infantilismo e uma constante vitimização.

Na incapacidade de ser e estar feliz e saber ou aprender a viver, sem as tentações do capitalismo selvagem, numa constante fuga para a frente, que é forma primária de ataque (bem demonstrada pela experiência da escalada evolutiva), perdemo-nos no ilusório, no efémero, no aparente, no parecer bem. Numa tentativa oca de mimetização que é transfer de uma imagética colectiva, pronunciada pelos líderes de opinião, corroborada pelos catálogos de grandes superfícies e coroada pelos media cor-de-rosa, de leitura rápida e cartilha de devaneios incontrolados que são a nova bíblia para os que desconhecem o pudor e a ética.

Importa (r)estabelecer, (re)encontrar e, se possível, (re)inventar novos valores, novas práticas de cidadania, de solidariedade, de tolerância e de frateria, muito mais próximas das necessidades nucleares que são as da felicidade, do Amor e da harmonia. E, não basta esperar pelo exemplo de outros, pela assunção do estado providência, pela disponibilidade ou apoios dos mais empenhados nas políticas sociais. Urge combater a indiferença, a discriminação, o nivelar por baixo, numa fasquia enganosa e má conselheira.
Este combate, qual empresa de medievos cavaleiros andantes, arautos de uma modernidade e pós-modernidade que, sem Solidariedade(s) e Fraternidade(s), nunca será factor de genuína contemporaneidade, deve começar dentro de nós mesmos, no nosso coração, numa ou mais máximas de velhos e gastos catecismos que nos indicam o caminho… os que se humilham serão os exaltados e os exaltados serão humilhados ou, como nos ensinou Agostinho, o Santo pecador, quando uma mão dá a outra não precisa de saber.

Pascal Bruckner e a sua visão

Pascal Bruckner (1948 - ), escritor, filósofo e docente francês, autor de numerosas obras reflectivas sobre estas matérias que tanto afligem o Homem moderno, assinou o texto Filhos e vítimas: o tempo da inocência, que hoje aqui nos traz a intervir com estes breves subsídios, também, eles feitos de reflexão influenciada pelas matérias que, todos os dias, quase como um programa pedagógico, os media nos forçam a assimilar, pelos poros, pelo olhar e pela massa cinzenta que em muitos casos perde, pela quantidade, a sua adequada capacidade de racionalização…é por isso, que muitas vezes, como agora, me permito, livremente sentir, intuir e escrever…

Segundo Bruckner, a proposta ou as pistas de resposta à desresponsabilização, passa pelo crescente individualismo cultuado nas sociedades (ditas) civilizadas, desde o fim da alta Idade Média; pelo vazio das pequenas solidariedades de vizinhança ou proximidade; pela liberdade, sem responsabilidade e sem autoridade, motor de inseguranças inquietantes; e, ainda, pela própria fragilidade do permanente confronto com o olhar crítico do outro. A estas realidades, Bruckner, designa a responsabilidade individual.

Já quanto à responsabilidade tecnológica, Bruckner, propõe que, face à desproporção da evolução tecnológico, o indivíduo se sente esmagado pela incapacidade de dominar e controlar sem, deixar, contudo, de se rever num quadro de impotente responsabilização.

Tal como subscrevemos, Bruckner, chama à responsabilidade mediática todos os custos do novo poder que nos invade a privacidade, através da televisão, da internet, da rádio e de outros meios, cada vez mais sofisticados, que nos fazem sentir alienados pela sociedade de consumo ou totalmente responsáveis por todos os males do mundo.

Perante este quadro, o autor, reconhece que se estabeleceram padrões comportamentais de Infantilismo e Vitimização que são de uma forma clara as desculpas para o peso da responsabilidade e para a fuga a essa mesma responsabilidade que a liberdade nos impõe. Sem o livre–arbítrio, essencial à liberdade responsável, sem uma visão estratégica do presente e do futuro e sem um auto-determinismo responsável, empenhado, harmonioso, tolerante, sensitivo, emocional, enraizado, fraterno e solidário, dificilmente se assumirão posturas individuais que se aproximem mais do sentir que da razão…

Reflexões finais

No título que, propositadamente, escolhemos para este pequeníssimo texto de síntese, análise e reflexão, falamos da incapacidade de ser Feliz, por ser, em nossa opinião, o maior óbice do Homem e da Mulher segundo o texto de Pascal Bruckner. É na vontade íntima de ser ou não ser Feliz que está a chave para o problema, para a nossa Liberdade individual. Não com a gastíssima frase romântica de amor e uma cabana, mas com a satisfação de sermos Livres, sem amarras à providência divina, sem duces ou caudilhos, pensando por nós e pensando em nós, satisfazendo educação, saúde, habitação e transportes e sonhando, com os pés enraizados nesta terra maravilhosa que nos foi oferecida, tentando ser Felizes, de forma integrada e harmoniosa! Como dizia o comediante e humorista Raúl Solnado… Façam o favor de ser felizes!

Em Lisboa, do lado de cá do Grande Atlântico, em 25 de Outubro de 2013


[1] BRUCKNER, Pascal, A sociedade em busca de novos valores


Edição em 06 de fevereiro de 2019 por J. B. Donadon-Leal