Galeria do Jornal Aldrava Cultural
A Arte de Elias Layon

 


Elias Layon

Série Carnaval

Elias Layon, excelso artista de Mariana retrata com maestria e leveza as figuras representativas da carnavalização mineira. Sua contribuição é imprescindível sobre a arte pictórica de Mariana. Esta obra emerge do mundo material e carnavalesco (cultural), com a justaposição no fundo dos quadros com cores vivas, o que impede uma mera intenção figurativa. Percebo no conjunto da obra CARNAVAL DE MINAS, a predominância de sentimentos e emoções, nas cores criadas livremente, em que o artista remete na forma e na cor, sua expressividade maior. Layon se vê livre para expressar seus sentimentos interiores, relacionando-os ou preservando-os na memória da representação do mundo real, na negação da beleza estética do homem e no coroamento da importância da existência do ser humano cultural.

Sua estrutura delicada, pouco densa e muito variável é um desafio ao pintor. Layon usa em suas telas um colorido especial, vivo e esfumaçado com pinceladas rápidas e leves que se mantêm soltas e um pouco imprecisas sobre a tela, de modo a reconstituir a sensação luminosa de uma situação passageira (duração do carnaval), experimentada sob os efeitos variáveis da luz natural. Suas figuras decompostas são dedicadas a capacidade de atravessar as fronteiras dos limites técnicos e formais, para constituir um momento fértil das relações interdisciplinares no campo da visualidade, num radical experimentalismo. A fumaça, neblina e reflexos diversos foram recursos impressionistas para a dissolução da cor e das formas rígidas estudadas sob a luz dos atêlies mais tradicionais.
Andréia Donadon Leal


Carnaval 06 - acrílica


Carnaval 07 - acrílica


Carnaval 08 - acrílica


Carnaval 10 - acrílica


Carnaval 12 - acrílica

 

Copyright de todas a imagens by Elias layon

Outros Tempos

   Não muito distante, no início dos anos 80, Mariana ainda exalava o perfume de bicentenária cidade colonial com toda a sua estrutura urbana preservada incluindo suas montanhas de entorno que, juntamente, por se constituírem na moldura natural da cidade, pertenciam ao tombamento arquitetônico histórico do município como um todo.
Sem dúvida, a pobreza decorrente da falência das minas de ouro em fins do século XVIII foi o principal motivo que nos preservaram o sítio antigo de Mariana.Não fosse assim, o progresso, como é o caso de outras cidades do período colonial brasileiro, teria alterado para sempre as características de tudo que herdamos do passado.
   Lamentavelmente, governos irresponsáveis e incultos de prefeitos anteriores, apoiados por Presidentes de Câmaras coniventes e alienados deixaram que a cidade chegasse ao ponto de descuido em que se encontra, tornando-se cada vez mais complicado preservar o que ainda temos de patrimônio histórico. A cidade, da forma que era conduzida, corria sério risco de perder seu encanto e sua vocação natural ao turismo de atrativos coloniais para se tornar apenas mais uma cidade mineradora com tantas outras.
   Essa falta de visão ao valor do conjunto histórico de Mariana vem sendo negligenciada há tempos. Desde o poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens que viveu em Mariana de 1904 a 1921 como juiz de direito, que nunca entendeu e amou essa terra devidamente, até a esses governantes do passado. A correspondência de Alphonsus aos colegas de São Paulo e Juiz de Fora deixam transparecer nitidamente seu incômodo e desprezo para com a cidade. A letra irônica do Hino de Mariana, que o poeta compôs e nos faz cantar, talvez como castigo imposto, traz nas entrelinhas seu profundo aborrecimento e desilusão para com a primaz de Minas. No dizer do poeta, Mariana é cidade morta esperando o porvir a chorar as glórias do passado como primeira cidade, diocese e capital e que ressurge mais bela que outrora apenas pelo afago da voz de seus filhos, nunca por atitudes. E vejamos que em sua época Mariana estava totalmente preservada e intocada. Mas o poeta do luar, infelizmente, não teve cultura suficiente para entender e valorizar aquele belíssimo conjunto histórico em que viveu.
   Quando o saudoso Prof. Moura Santos, impregnado do mais puro idealismo, criou na década de 60 a Casa de Cultura -Academia Marianense de Letras tinha como primordial meta fixar ali um centro irradiador do melhor de nossos intelectuais e, ao mesmo tempo ,através daqueles magníficos acadêmicos, escolhidos criteriosamente, compor um escudo protetor para difusão da cidade no seu conjunto patrimonial histórico. O objetivo, naqueles dias, foi totalmente alcançado. Exemplo disso, só para citar alguns, fora aqui o admirável poeta arcebispo Dom Oscar de Oliveira, incansável fazedor de cultura que nos legou preciosas obras, sempre assessorado pelo saudoso e emérito benfeitor Monsenhor Vicente Diláscio. Em Belo Horizonte, entre outros, tínhamos o promotor de justiça e escritor Campomizzi Filho que possuía uma singular oratória de improviso e que muito escreveu do valor de Mariana através do jornal Estado de Minas. No Rio de Janeiro, da mesma forma, na mesma diretriz, o marianense desembargador Cristovão Breyner. Em São Paulo havia o Prof. Sartorelli Bovo que tanto difundiu nossa terra na sua coluna semanal no Diário Popular daquele estado. A esse acadêmico, marianense adotivo, insigne professor, incentivador das artes e autor do melhor livro editado sobre a cidade intitulado Mariana Berço de Varões Ilustres, devemos uma justa homenagem póstuma.
   Roque Camelo que se confunde ‘a história dessa célebre Casa de Cultura –Academia Marianense de Letras, pois ainda muito jovem, ali ingressou por sua genialidade precoce, preside atualmente essa entidade com todo brilhantismo necessário. Fiel e dedicado aos preceitos legados por Moura Santos mantém respeitabilidade ‘a Casa resgatando novos valores, preenchendo cadeiras vagas com os mais ilustres literatos de nosso meio, feito poetas da magnitude de um Geraldo Reis, Gabriel Bicalho e Donadon Leal, autores de obras primas consagradas.
   Mariana por outro lado, no aspecto histórico, vem sendo administrada competentemente pelo atual prefeito Celso Cota que abraça com carinho e objetividade a preservação do nosso conjunto patrimonial secular. Não fosse o denodado amor e o interesse cuidadoso desse governo a essa cidade, Mariana estaria hoje em crítico estado de conservação, com todo o seu perfil antigo profundamente comprometido, violado pelo crescimento urbano avassalador que geram as companhias mineradoras aqui instaladas. Ainda bem que o investimento de dois mandatos consecutivos desse prefeito, direcionados a essa finalidade devolvem, dentro do possível,‘a Mariana, algo da atmosfera bucólica de outros tempos.