Jornal Aldrava Cultural
Lançamentos da Editora Aldrava Letras e Artes

Aldravismo - uma proposta de arte metonímica - texto analítico

Andreia Donadon Leal - texto analítico sobre o aldravismo nas artes visuais. 50 páginas, 2009.
Formato PDF - CDROM.
Ilustrações da autora.

Preço R$ 10,00

contatos:
deiadonadon@yahoo.com.br

Este trabalho constitui uma reflexão sobre a obra aldravista, cujos aspectos representam uma ruptura com o desenho. Trata-se de uma iniciativa em que um grupo de poetas no ano de 2000, conforme registrado em J. B. Donadon-Leal (2002) buscou vislumbrar uma arte poética e visual que pudesse romper com a obrigação de apresentar paisagens completas, pois percebiam nas insinuações e nas frações das coisas metonímias suficientes para se cumprir com o princípio de cooperação de Grice (1982) e se tornar compreensível e claro para o leitor, respeitando sua autonomia na criação de sentidos.

lírios possíveis - poesia

gabriel bicalho {poesia}, 80 páginas - 2009
ilustrações: Déia Leal
prefácio: J. B. Donadon-Leal
capa em policromia, letras em alto relevo
acabamento de luxo
ISBN: 978-85-89269-32-2

Preço: R$ 20,00

contatos com o autor: gabicalho@terra.com.br

Obra poética do autor

Trecho do Prefácio

Que é experimentar extremos? Que é desafiar limites? Que é garimpar lirismo em campo de guerra?
A poesia permite a experimentação de todos os extremos, desafios a todos os limites e passeio por terrenos inóspitos. A idéia extrema de poeticidade toma corpo na coleção de coleções poéticas que formam lírios possíveis. Trata-se da instabilidade desejável da noção de lirismo, um esvaziamento da doçura a caminho da plenitude da significação, cujas potencialidades de sentido são jogadas para a recepção do belo no feio. Os lírios possíveis são lirismos encontrados em terrenos inabitáveis. O que atribui poeticidade à palavra é o seu lugar, não a sua doçura. No verso, a sujeira, o sangue e a podridão tornam-se termos poéticos e, combinados no conjunto, soam suaves e se fazem capazes de arrancar lágrimas dos leitores.
Gabriel Bicalho transpõe em seus poemas aldravistas a versão mais completa da arte conceitual, em que os valores tradicionais da poeticidade caem por terra, tornam-se flocos de adubo e alimentam o canteiro onde brotam lirismo, onde antes a semeadura era impossível, metonimicamente, lírio a lírio. Aliás, lírio é metonímia e não corruptela de lirismo. Lírio é a parte possível do lirismo na brota impossível, flor sobre rocha, sobre asfalto, na baixeza da pornografia. O conceito bíblico de terra boa para o plantio é desmistificado, pois lírios possíveis brotam em terreno arenoso e em terreno pedregoso. Essa provocação extrema afeta a recepção de um conjunto de possibilidades conceituais, que assumindo um caráter objetivamente semiológico, talha poemas como obra de arte, e faz aflorar lirismo das pedras. Como se traduz essa aridez fértil?
                                                                                          a realidade é uma lâmina
                                                                                          retalhando possibilidades
                                                                                                       de sonho  
Esse terreno árido arado ao longo dos seis ramalhetes de lírios possíveis não trata de uma realidade jogada ao acaso em versos, mas de uma apropriação autorizada pela arte das representações coletivas, recortadas pela percepção estética de um exímio domador de palavras e conceitos. É possível concordar com a teoria estética de Adorno, em que é preciso encontrar espaço crítico para a negação das condições materiais da vida social, e esse espaço acha-se privilegiado na arte que corajosamente enfrenta a massificação:
                                                                                        ah! meus irmãos sombrios!
                                                                                          que buscais no concreto
                                                                                         e intransponível horizonte?
Os lírios se compõem inteiramente num objeto estético provocado e provocador, desde a lavratura específica de cada verso composto até a disposição gráfica na composição do livro como arte visual, numa diagramação impecável torneada pelo próprio poeta. (...)

J. B. Donadon-Leal
Mariana, 10 de março de 2009

Por detrás da face - poesia

Anício Chaves - poesia - 76 páginas - 2009
ilustrações: Déia Leal
prefácio: J. B. Donadon-Leal
capa em policromia
acabamento standard
ISBN:978-85-89269-34-6

Preço: R$ 15,00

contatos com o autor: aniciochaves@hotmail.com

Trecho do Prefário

A noção de poesia se dá no fazer poético que supera a proposição teórica: enunciação em versos filiados a uma escola poética. A poesia é a própria proposição da enunciação tomada da função estética em gotejamento de uma visada individual dos universos discursivos socialmente produtivos. Este é um exercício de ver o mundo com olhos de observador atento, como propõe a poética de Anício Chaves em Por detrás da face:
                                                                                                   quem vê cara,
                                                                                                 pode ler a alma.
A leitura da alma pode expandir-se para a leitura dos motivos das coisas ou dos motivos da existência das coisas.
A alma é a imagem vista:
                                                                                               é o espelho refletindo
                                                                                           o que, lá, bem dentro está!
Assumindo o papel de editor da Associação Aldrava Letras e Artes, sinto-me honrado em apresentar esta coletânea de motivos de existência das coisas, lavra(do) poeta que colabora com o Jornal Aldrava Cultural há vários anos. Trata-se de um poeta que compreendeu a razão metonímica do aldravismo, sendo relator daquilo que a desatenção da vida contemporânea atribulada não permite ver mais, mas que o olhar recobrado pelos reiterados apelos aldravistas de “o que é que só você vê, seu Anício?”, fático respeitoso ao amigo que verseja com a sofisticação da simplicidade e percebe e relata o universo oculto das pequenas coisas:
                                                                                      Uma gota de água fresca e limpa
                                                                                       cai sobre a planta que se alegra
                                                                                       e agradece meneando as folhas,
                                                                                                 num ritual festivo.
(...)

A poesia de Anício Chaves expõe os universos que habitam a alma do poeta e as almas dos leitores, as almas nas casas sobradadas de Mariana e faz visível em sua lírica mineiramente sublime a fala cadenciada dessa gente que, entre um cafezinho e outro, mastiga relevantes idéias que perpetuam o espírito livre e revolucionário de Minas.

J. B. Donadon-Leal
Mariana, março de 2009.

Vereda dos seixos - haicias

J. B. Donadon-Leal - haicais - 124 páginas
ilustrações: Déia Leal
prefácio: Dulce Maria Viana Mindlin
capa em policromia
acabamento standard
ISBN: 978-85-89269-31-5

Preço R$ 15,00

contatos com o autor: jbdonadon@hotmail.com

Obra poética do autor

Trecho do Prefácio

Vida disseminada em farfalhar de asas, murmurar de (ci)cios, zoeira de cigarras, grilos, abelhas; luziluzir de pirilampos, cantoria de galos, de sabiás, de andorinhas, sono de rãs e silêncio de peixes; todas as horas do dia, todos os brilhos das estrelas, todas as formas da água - lago, poço, cascata, cachoeira, neve, mar; todo um inventário vegetal, da solidez dos cedros, álamos e eucaliptos, à delicadeza dos bambus e das flores de goiaba e laranjeira, despertando cores e sabores de caquis, abacates, mangas e amoras; todas as forças da natureza - os ventos, as chuvas, as geadas, os frios e os calores; todas as estações do ano, toda a presença da eterna Musa, e mais: as metáforas, a paciente arquitetura discursiva que encobre os andaimes, a poesia-projeto que, sem abandonar seus suportes de tradição, reinventa, refaz, redescobre, surpreende: eis Vereda dos Seixos, de J. B. Donadon-Leal, um poeta que já percorreu caminhos vários, mas que desde o início dessa trajetória delineou seu exprimir-se pela deliberada escolha de retrabalhar formas consagradas, assumindo conscientemente a posição de quem sabe que nada vem do nada, como quer Harold Bloom.
Assim, e unicamente por saber que, a despeito da possível melancolia advinda de uma inevitável angústia da influência, é bem possível recusar-se a uma rendição mais que confortável, este poeta resiste e não capitula. Em vez disso, recria - e se isso já não lhe é permitido pela estrutura, cuja subversão esvaziaria a forma pela qual optou, ele recria pelo uso de certas expressões, pelo arranjo dos temas, pela escolha dos motivos: por exemplo, a série Primavera - Verão - Outono - Inverno vem encaixada quase aleatoriamente entre os demais poemas, como a simplesmente marcar uma presença necessária, pelo menos para render algum tributo à tradição do haicai. Estabelece, entretanto, um curioso jogo com a tradição quando contextualiza, quando traz para o espaço dos poemas a presença do passado, pela instância da memória que, seletiva, opera no recorte, por certo econômico, de elementos factuais acionados pela velocidade com que se oferecem à leitura:
                                                                                                    Chuva na vidraça
                                                                                           um menino e a poça d’água
                                                                                                      Lambari-guri.
(...)

Dulce Maria Viana Mindlin - UFOP

A Editora Aldrava Letras e Artes é uma sessão da Associação Aldrava Letras e Artes
e não tem fim lucrativos.
A comercialização de seus livros é feita diretamente pelos autores.