Registrada em 06 de abril de 2009

A ALACIB é uma Associação Literária sem fins econômicos, com sede e foro em Mariana, Minas Gerais, CNPJ 10778442/0001-17. Tem por objetivo a difusão da cultura e o incentivo às Letras e às Artes, de acordo com as normas estabelecidas no seu Regimento. Registrada em 06 de abril de 2009.

Diretoria da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil
Presidente: Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
Vice-Presidente: J.S. Ferreira

Secretário-Geral: Gabriel Bicalho
Tesoureiro: J. B. Donadon-Leal
Promotora de Eventos Culturais: Hebe Maria Rôla Santos
Conselho Fiscal e Cultural: José Luiz Foureaux de Souza Júnior, Magna das Graças Campos e Anício Chaves

Acadêmico ANICIO CHAVES
Cadeira nº 06
Patrono: Dom Silvério


 

Notas Biográficas de Anicio Chaves

Anicio Chaves.
Nascido aos 4 de Junho de 1940 em Mariana, é filho de João Polycarpo Chaves e Maria Ephigênia Chaves.
Teve o primeiro Centro de formação no seio familiar onde transcorreu o Jardim da Infância. Cursou o primário no Grupo Escolar D. Benevides e juntamente com o diploma recebeu como Prêmio de Aplicação um pequeno livro intitulado: O Pajem que se Tornou Rei dado pela professora D. Nívea. Em seguida estudou no Externato Marianense dirigido por Cônego Braga onde teve o primeiro contacto com o Latim e Francês. Em 1954 ingressou no Seminário Menor de Miguel Burnier (S. Julião) pertencente à Ordem Religiosa “Pequena Obra da Divina Providência” fundada por S. Luis Orione, onde fez o ginásio e além do Latim e do Francês estudou também Grego e Italiano. Neste período já tendo um bom conhecimento de literatura de métrica e de música iniciou-se na arte da composição poética e musical.
Em 1960 cursou o Clássico no Seminário S. José do Rio de Janeiro onde também fez parte da Orquestra Sinfônica
daquela instituição. Neste período conheceu o crítico Literário e conferencista Aggripino Griecco.
Posteriormente lecionou no Seminário D. Carlo Sterpi em Belo Horizonte e no Seminário Pio X em Siderópolis, Sta Catarina.
Em 1964 saiu pela primeira vez do país para cursar 2 (dois) anos de Filosofia nos Estados Unidos onde pode se aprimorar no conhecimento das línguas Inglesa, Italiana e Espanhola.
Voltou ao Brasil em 1967 e iniciou o curso de Teologia no Monteiro S. Bento, curso que não foi concluído por interrupção da carreira eclesiástica.
Em 1996 novamente fora do país para um curso que durou 18 dias e versou sobre Turismo, Cidadania e Urbanismo, curso realizado em Palma de Mallorca e ministrado pela Universidade de Turismo mais conceituada do Arquipélago das ilhas Baleares, na Espanha.
Continuou, contudo, escrevendo e compondo, dando maior ênfase à família e à vida profissional, publicando poesias e pensamentos em agendas culturais e jornais locais de noticias e ou literários, além de compor musicas, principalmente para corporações musicais. Teve a honra de presenciar uma de suas musicas perfeitamente executada pela Banda União XV de Novembro, durante as comemorações do dia dos Pais, em 2005. Compôs também um hino para as crianças da APAE.
É membro do Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural de Mariana, instituição atuante na defesa do patrimônio local.
Com a publicação do livro “Por detrás da Face”, os leitores poderão reconhecer muito do trabalho construtivo prestado à comunidade através de poesias reivindicativas, promocionais e até ufanistas em favor de um povo e de uma cidade histórica detentora de rico acervo patrimonial, artístico e cultural.

Discurso de Posse


Saudação a D. Silvério
D. Silvério é e sempre foi uma figura esplêndida tanto no cenário civil quanto no eclesiástico. Nem todos que têm origem humilde fulgem no decorrer da vida, uns por não portarem luz própria e outros por não saberem trabalhar suas potencialidades. D. Silvério nasceu e cresceu humilde, porém sempre luzindo como uma estrela de primeira grandeza.
A humildade é a expressão da verdade e sendo ele muito humilde tanto na sua origem quanto no seu comportamento, isto fazia com que ele se distinguisse entre os colegas naturalmente, sem fazer nenhum esforço para se evidenciar. Natural de Congonhas do Campo, MG, veio ao mundo em 12 de janeiro de 1840. Foram seus pais Antônio Alves Pimenta e Porcina Gomes de Araujo
Teve muita dificuldade para sobreviver nos seus primeiros anos de existência por ter ficado órfão logo aos quatro anos de idade. Para minimizar a sacrificante tarefa de sua mãe para sustentar os quatro irmãos menores, empregou-se desempenhando a função de caixeiro. Além de precoce senso de responsabilidade, demonstrou também desde cedo forte pendor para os estudos. Tendo isto sido observado pelo seu padrinho, o Sr. Manuel Alves Pimenta, o mesmo pleiteou e obteve para o afilhado uma vaga no colégio de Congonhas dirigido então pelos padres Lazaristas, colégio este onde o pequeno Silvério já começou a dar mostras do seu talento alcançando as melhores colocações. O colégio, contudo, foi fechado em 1855 e não podendo mais D. Silvério prosseguir nos estudos empregou-se novamente, desta vez no ofício de sapateiro. Em 1856, tendo ele 14 anos de idade, veio para Mariana por causa de uma matrícula cedida por D. Viçoso, bispo à época, de quem era afilhado de crisma.
Dois anos depois de sua chegada a Mariana já era professor de latim, cadeira que ocupou durante 28 anos. Além de professor de latim, foi professor de Filosofia e História Universal,
durante 12 anos. Foi ordenado sacerdote por D. Viçoso, aos 22 anos, em 1862, na matriz de Sabará. Após haver assumido a direção do seminário, passou por uma fase de difícil reorganização desta instituição que juntamente com o operoso magistério, acabou por debilitá-lo na saúde. Assim foi que a ciência médica como também seus superiores e amigos o aconselharam a sair para uma viagem à Europa, pelo ensejo de aproveitar a companhia do Revmo. Pe. João Baptista Cornagliotto que iria à Itália a serviço de sua Congregação. Ninguém mais se sentiria feliz com esta viagem do que o Pe. Silvério que desde cedo se acostumara a admirar em espírito as belezas da Itália e sempre sonhara em entrar na cidade centro do mundo católico. Foi, portanto com o espírito impregnado destes confortadores e salutares pensamentos que, em 26 de julho de 1864, o Pe. Silvério juntamente com o Pe. João Baptista Cornagliotto embarcaram no Rio de Janeiro no vapor Navarra, da navegação Francesa, que a 17 de setembro seguinte os deixou em Bordéos de onde, depois de haverem visitado Paris e Turim, seguiram ambos com destino a Roma, objetivo principal de seus sonhos de Sacerdotes cristãos. Enquanto aguardava a audiência solicitada ao Papa, D. Silvério visitava outros lugares sagrados ali por perto, como a Basílica de S. Pedro e o Coliseu, sendo que este foi palco onde muitos mártires foram imolados pelos sanguinários Imperadores Romanos.
Pouco tempo demorou-se o Pe. Silvério nessa sua viagem à Europa. Sentindo-se melhorado da cefaleia que tanto o atordoava e já mais disposto para o trabalho, retornou ao Brasil após quase três meses de ausência. Ao retornar dirigiu-se diretamente para Congonhas para receber a bênção de sua Mãe, tranquilizar seus irmãos quanto a seu estado de saúde e se recuperar um pouco da longa viagem. Depois de alguns dias de repouso com a família voltou para Mariana onde retomou seus trabalhos e aulas. D. Silvério era muito preocupado e zeloso com a sua formação quer intelectual quer espiritual e este zelo ele o estendia a seus alunos e às outras pessoas do seu convívio. Para manter o espírito atento ao sobrenatural ele adotou práticas disciplinares como: se levanta
cedo, às 4 horas da manhã, recolhendo-se em longo período de meditação fazendo em seguida a via sacra, tudo isto antes da celebração da santa missa, prática esta que se tornou diária até o último dia de sua vida. Dedicou-se também às aulas de catecismo para todos os alunos aos domingos. Aulas estas que eram sumamente agradáveis pela clareza e amenidade que eram ministradas, além de apropriadas ilustrações que ele fazia contando anedotas que ajudavam na compreensão do exposto ou ainda para espantar o sono de uns e outros. A cultura que adquiriu no estudo continuado das Sagradas Escrituras e dos Santos Padres, as virtudes singulares que lhe ornavam a alma, além da facilidade de enunciar o seu pensamento, fizeram-no orador eloquente. Muitos lugares disputavam à porfia ouvir-lhe a palavra autorizada, por toda parte despertando entusiasmo suas pregações, porque, além da correção e pureza de linguagem, vinha uma argumentação clara e esmagadora, aliada a conceitos elevados e viva imaginação. Não eram raros os aplausos que recebia, provocados por seus triunfos oratórios e também as felicitações que vinham trazer-lhe os ouvintes, mas, ele na sua humildade respondia como o salmista: “Non nobis, Domine, non nobis: sed nomini tuo da gloriam”. Não a nós, Ó Senhor, não a nós: mas ao teu nome seja dada a glória. É realmente lastimável que não tenham sido escritos e publicados todos esses sermões, primores de sã doutrina e de linguagem clássica que tanto renome lhe deram de orador eloquente e convincente capaz de levar os fiéis aos bons propósitos e santas resoluções. Destes só chegaram até nós três sermões publicados em 1873 em um opúsculo ao qual deu o autor este título: “O Papa e a revolução”. Bem sabia o nosso ilustre Sacerdote do quanto importante era a Boa Imprensa, e, assim foi que com a bênção de D. Viçoso e incentivado por seus colegas de sacerdócio, que muito o encorajavam ao combate da boa causa pela imprensa cristã, em 1873, fundou em Mariana “O BOM LADRÃO”, folha católica trimestral em cujas colunas D. Silvério sabiamente expunha seus conhecimentos e doutrinas. Eram tão apreciados os seus artigos pelos leitores que frequentemente os mesmos transpunham os limites da Província e apareciam
transcritos e elogiosamente comentados pela Imprensa do Rio de Janeiro.
Por ocasião da “Questão Religiosa” e prisão dos Bispos de Olinda e Pará, a mandado de um Governo que se dizia Católico e defensor da Igreja, mas estava contaminado pela Maçonaria, D. Silvério não hesitou em desferir rigorosas chibatadas, extirpando-lhe toda a podridão do organismo. Em seguida mostraremos ligeiros traços biográficos de D. Silvério que em uma de suas páginas vibrantes deixou clara a sua incontida indignação e zelo apostólico contra tão nefasto governo. Assim, em “O Bom Ladrão”, de 10 de Outubro de 1873, após haver mostrado como o Governo faltou à verdade, escreve: “É este Ministério o mais imoral que jamais tivemos a desgraça de agüentar: com a mentira nos lábios, como o ladrão colhido com o furto na mão, ainda continua agarrado às pastas e continuará porque para os tais homens isso que se chama pudor é o X que ainda procuram. Estes homens não sabem viver com honra e nem morrer oportunamente”. Voltando-se finalmente à pessoa do Imperador a cujo aceno tudo aquilo se fazia, escreveu: “Vossa Majestade na lição de dezenove séculos conhece o fim dos monarcas, que se levantam contra a Igreja de Deus e quando faltassem outros exemplos bastariam os dos dois Napoleões em nossos dias.” (10/10/1873). A primeira e, talvez, mais notável das obras escritas, por essa ocasião, por D. Silvério, foi a “Prática da Confissão”. Tinha D. Silvério muita facilidade para tratar deste sacramento, pois, o ministrava muitíssimas vezes e a todas as classes sociais, tendo mesmo atendido em confissão nada menos que o Imperador do Brasil quando de sua visita a Mariana, em 1888. O livro teve excelente aceitação, tanto que foi aceito e recomendado por outros Bispos também.
Justamente pelos textos que escrevia e os discursos que proferia, D. Silvério era constantemente assediado pela Academia Brasileira de Letras e ele na sua humildade sempre se esquivava. D. Silvério tomou posse na Academia Brasileira de Letras em 28 de maio de 1920 tendo se rendido aos insistentes convites dos acadêmicos que lhe deram a certeza da eleição e lhe asseguraram que esta contribuiria para o esplendor da Igreja no Brasil.
Na solenidade de posse estiveram presentes o Cardeal Arcoverde, representantes do Núncio Apostólico e do Presidente da Republica. Estiveram também, D. Sebastião Leme e
grande número de sacerdotes, senadores e deputados e vinte e sete acadêmicos, o maior número até então reunido em ocasiões semelhantes. A sessão foi aberta às 21:15 hs pelo presidente o Sr. Carlos Laet que na sua fala fez referências de sua vida, desde o tempo em que conheceu D. Silvério em Minas, cercado de estima e veneração.
Falando de sua obra diz ser ela admirável pelo estilo e pela ponderação. De fato D. Silvério é reconhecido por ser um estilista e um exímio vernaculista cujo fraseado elegante e espontâneo tem doçura e encantamento.

Poema de Anicio Chaves

City Tour

Das ruas em que eu já morei
Há uma de que eu mais gostei
É uma rua muito simples
Que também tem seus requintes
Ah! Quantos amigos lá eu deixei!
Seu retilíneo trajeto
Sugere que seu projeto
Foi bem bolado assim:
Uma praça no começo
Uma pracinha no meio
E outra praça no fim
É uma rua de artistas
Vive cheia de turistas
E de estudantes também
E os moradores contentes
Cientes e conscientes
Do patrimônio que têm
A professora Emérita
Que é contadora de “causos”
Digna do maior encômio
Dona Hebe é engraçada
E Já se disse até tombada
Pelo egrégio patrimônio
Quem não há de se lembrar
Do grande Mestre Vicente
Figura exponencial
Experiente na vida
Trazia em seu rosto, rugas,
E um sorriso jovial
Grande pintor de parede
Embelezando a Cidad
Trabalha de Sol a sol
Dedicado e educado
Waldir era um duro páreo
No jogo de Futebol
Morar em frente ao Colégio
Foi um grande privilégio
Nele as filhas se formaram
Celebrei bodas de prata
Reuni todo meu povo
E até me casei de novo
Está entre quatro igrejas
Um Paço e uma Capela
São bênçãos á toda prova
Hoje é Rua D. Silvério
Mas no tempo do Império
Chamava se Rua Nova.

Trovas de Anicio Chaves


Sobre o cálice,uma flor
Uma criação divina
Cada flor tem seu odor
Mesmo sendo pequenina


Em rico cálice d'ouro
Colocado sobre o altar
Torna-se o vinho tesouro
Que aos homens vai resgatar

 



Edição em 25 de janeiro de 2019 por J. B. Donadon-Leal