JORNAL ALDRAVA CULTURAL
PROJETOS

Confira nesta página os relatórios dos projetos
culturais e educacionais
promovidos pela Associação Aldrava Letras e Artes

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Lançamento do livro Ventre de Minas

Poesia Aldravista no terças poéticas


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Palácio das Artes - Belo Horizonte, 10 de novembro de 2009

Projeto Poesia Viva - A Poesia Bate à Sua Porta
com Poetas do Jornal Aldrava Cultural
Vencedor na Categoria 3 do Prêmio Viva Leitura 2009

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Cerimônia de Premiação
Dia 22 de Outubro de 2009
Local: Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz s/n - Portão 01 - Centro, São Paulo

Finalistas da Categoria 3
Sociedade: ONGs, pessoas físicas, universidades e instituições sociais

A Biblioteca Leivro em Roda - João Pessoa, PB
Responsável: Tereza Cristina Barbosa de Brito

Apoio à Leitura e à Escrita - Uberaba, MG
Responsável: Edna Julia de Araujo Cury

Programa de Incentivo à Leitura Ler é 10 - Leia Favela
- Rio de Janeiro, RJ
Responsável: Otávio Cesar Santiago de Souza Junior

Poesia Viva - A Poesia Bate à Sua Porta com Poetas do Jornal Aldrava Cultural - Mariana, MG
Responsável: Andreia Aparecida Silva Donadon Leal

Leitura e Vivências com recuperandos do Sistema Prisional
- Nova Lima, MG
Responsável: Else Doratés Lopes

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Oficina de haicais no Festival de Inverno 2009

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Nas sendas brasileiras do haicais
Mariana - 15/07/2009 e Ouro Preto - 16/07/2009

Oficina de haicais na Osquindoteca - Passagem de Mariana, MG


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Nas sendas brasileiras do haicais
Passagem de Mariana - 18/09/2009

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Prezada Senhora Andréia Silva,
O Ministério da Cutlura, através do Programa Mais Cultura, tem a honra de informar que seu projeto foi SELECIONADO no I Concurso Pontos de Leitura 2008 – Edição Machado de Assis. A partir de agora, sua iniciativa é reconhecida pelo governo federal como Ponto de Leitura e passará a fazer parte da Rede Biblioteca Viva – plataforma virtual de acompanhamento, interlocução e interação das iniciativas de livro e leitura por todo o Brasil.

Para mais informações segue o Ofício-Circular 006/CGLL/GM/MinC e a Portaria nº 92, de 18 de dezembro que homologa o resultado final do concurso.

Agradecemos sua inscrição e parabenizamos pelo projeto selecionado.

Atenciosamente,

Ministério da Cultura
Coordenação-geral de Livro e Leitura
(61) 3316-0620/0619

Conferência sobre arte aldravista na Espanha

Andreia Donadon Leal (Deia Leal) faz conferência para alunos do
4º ano do Colégio Sagrado Coração de Maracena, Espanha.

Projeto Aldravinha

PROALFA
Projeto de alfabetização da
Escola Estadual Dom Benevides,
em parceria com o Jornal Aldrava Cultural,

conquistou o 1º Lugar no PROALFA 2007
na jurisdição da SRE Ouro Preto

Aldravistas participam de debate no
Fórum das Letrinhas
de Ouro Preto

Projeto anjos negros: releitura de telas de Déia Leal
Parceria com a
Escola de Ensino Fundamental e Médio Dom Viçoso

Alunos do ensino fundamental de Mariana
comemoraram o dia da poesia
14 de março de 2007

Escola Viva visita cidades históricas de Minas Gerais,
e conversa sobre poesia com poetas aldravistas
08 de maio de 2007

Aldravistas participarm do
II Fórum do Plano Nacional de Leitura

Palestra - haicai no Brasil
Centenário da imigração japonesa

Escola PRISMA

Site UFOP

Site Areté

Projetos publicados no Centro de Referência do Professor da Secretaria de Educação de Minas Gerais

Projeto alfabetização pelo hai-kai

Projeto anjos negros

Trabalho reconhecido pelo PNLL

Projeto de homenagens Especiais de 2007
Dia 10 de dezembro, dia do palhaço.
Viva a arte de fazer sorrir!


Saltimbanco (acrílica sobre tela - Déia Leal)

Confira no final desta página orientações de como apresentar projetos em escolas!

PROJETO INAUGURAL

HAI-KAI
DA ARTE POÉTICA À ALFABETIZAÇÃO


Apresentação pública dos resultados do projeto
CEFET/Ouro Preto - 06/10/2006

PROJETO

Escola Estadual Dom Benevides
Maria Eugênia Leal de Melo – Supervisora
Sara Helena Quintino – Graduanda Letras/UFOP
Andréia Donadon Leal - Poeta

A alfabetização requer cuidados especiais, uma vez que é a primeira e mais decisiva etapa do processo ensino-aprendizagem na vida de um indivíduo, que se espera ser um cidadão. Segundo experiências e avaliações diagnósticas, percebemos que muitas crianças apresentam dificuldades distintas na leitura e na escrita, reflexos também de desigualdades culturais entre os alunos na escola. Como atingir um desenvolvimento cognitivo satisfatório dos alunos e ao mesmo tempoatender às suas
individualidades ?
A resposta veio com a visita do poeta e professor J.B.Donadon-Leal à escola, na qual ele fez uma palestra sobre o Hai-kai e apresentou o livro Nas Sendas de Bashô de poetas aldravistas, vimos nesta forma de poesia uma alternativa inovadora, que nos remete à questão do signo lingüístico e à percepção do léxico (palavra) enquanto unidade altamente significativa, que ultrapassa o mecanicismo da vida cotidiana. Levar o aluno a descobrir o potencial da língua na alfabetização é abrir as portas para um mundo mágico, no qual é permitido tirar as palavras de seu estado estático de dicionário para descobrir, jogar, criar
e recriar com elas. É justamente com esse jogo entre as palavras que pretendemos trabalhar.
O projeto está alicerçado na leitura, enquanto prática interativa e discursiva, na qual o aluno instaura o sentido junto ao texto, portando-se como sujeito ativo; e na produção de textos, momento em que o aluno se constitui com sujeito discursivo que tem o que dizer e atuar sobre o mundo que o rodeia. A leitura e a escrita são capacidades lingüísticas que devem ser trabalhadas com vista à consolidação do processo ensino-aprendizagem que tem por função social integrar o aluno na
sociedade.

O que é Hai-kai
Artificial
flor repousa sobre a mesa
Quisera ter sede
(Andréia Donadon-Leal)
No céu enevoado
Frio insuportável
gotas de orvalho.
‘ ( Natanael Marias Zacarias- 3ª série. EE Dom Benevides)

Hai-kai é a poesia da essência aliada à síntese. Elemento da cultura oriental, chegou ao Brasil com os imigrantes japoneses; são dezessete sílabas, breves,associadas muitas vezes à natureza, que visam tocar o singelo, o esquecido pela vida
corriqueira e corrida.
O Hai-kai possibilita a exploração do conjunto de sentidos em torno de uma palavra, ou melhor, seu campo semântico. Não deve ser interpretado, como diz J.B.Donadon-Leal “ele é pra ser sentido, degustado”. São essas as sensações que
pretendemos despertar nos alunos, o gosto pela descoberta da língua.
Alunos envolvidos
Alunos das séries iniciais de alfabetização da Escola Estadual Dom Benevides.
Objetivo Geral
Desenvolver nos alunos a capacidade de fazer referências entre as palavras e as propriedades destas, levá-los a associar sons, formas, cheiros e sentidos. E também, despertar o prazer pela leitura, em especial de gêneros literários. O projeto será
desenvolvido, inicialmente, no semestre letivo de 2006.
Objetivos Específicos
Antes de abordar os objetivos específicos, é necessário apontar algumas atividades importantes na alfabetização, que
auxiliam no desenvolvimento do projeto como um todo. São elas:
• Conduzir o aluno pelo mundo da escrita e da leitura, por meio de visitas em bibliotecas, livrarias, bancas de revista, etc.. Espera-se que nestes espaços os alunos observem e percebam as variedades de textos que circulam na sociedade, e quais
suas funções e características ( quem lê, para que lê, porque lê).
• Levar para sala de aula diferentes impressos, como jornais, revistas, panfletos de propagandas, calendários, receitas, listas telefônicas, bulas de remédio, entre outros; visando a exploração dos diferentes sistemas de representação ( diferenças entre texto escrito e desenhos, a relação simbólica, a distinção entre as letras, etc.) presentes em tais textos.
• Desenvolver atividades de leitura que envolvam tipos diferenciados de textos, a fim de que os alunos saibam lidar com as
estruturas típicas de cada um.
• Certificar o reconhecimento do alfabeto.
• Trabalhar em sala com a modalidade oral da língua por meio do “contar” histórias.
No que se refere aos objetivos específicos, estes se configuram no projeto como parâmetros gerais para todas as turmas, distribuídos por disciplinas e em conformidade com as exigências do Ministério da Educação de Minas Gerais. Não é nosso intuito apontar atividades prontas, e sim fazer com que cada professor as desenvolva de acordo com o perfil de seus alunos, respeitando o ritmo de aprendizagem de cada um. Dessa forma, acreditamos tornar o projeto uma ação pedagógica conjunta
e interativa, que envolve escola, alunos, professores e comunidade.
Língua Portuguesa
• Promover rodas de leitura em sala de aula, a fim de apresentar aos alunos alguns hai-kais observando a estrutura e a idéia
central dos mesmos.
• Estudar a vida e obra de alguns autores de hai-kais, como por exemplo J.B.Donadon-Leal, Andréa Donadon-Leal e Gabriel
Bicalho.
• Elaborar com os alunos roteiros de entrevista e convidar tais autores para conversas em sala de aula sobre os hai-kais dos
mesmos.
• Montar um painel contendo alguns hai-kais dos escritores estudados, realizando diariamente a leitura e fazendo
reconhecimento temático.
• Levantar discussões sobre os hai-kais lidos, buscando a compreensão dos subentendidos, os não-ditos por meio de operações como associação entre elementos presentes no texto, inferências entre o conhecimento de mundo do leitor, entre outros. Tal procedimento é elementar, uma vez o sentido se instaura justamente nesse momento em que o aluno
inter-relaciona a materialidade do texto e seu conhecimento de mundo.
• Buscar pistas que auxiliem na compreensão dos textos, utilizando recursos expressivos e literários como figuras de
linguagem e jogos de palavras.
• Levantar discussões à cerca do gênero literário, identificando a forma como circula na sociedade, em que canal de
informação (jornal, revista, folheto,etc.) e qual sua função.
• Orientar os alunos quanto ao planejamento de textos, abordando questões como o que, para que e para quem se escreve, o
encadeamento das idéias. Apresentar noções de coesão e coerência.
• Estimular o uso dos dicionários e consulta aos colegas a fim de explorar o campo semântico de algumas palavras.
• Apresentar palavras diversas e pedir aos alunos que façam associações livres com cores, formas geométricas, cheiros,
sons, valores afetivos.
• Pedir para que os alunos arrisquem a construção de hai-kais, indicando possíveis temas a serem observados como as estações do ano, o ambiente da sala, o clima do dia, entre outros. A escrita livre faz com que o aluno se sinta desafiado a grafar as palavras que quer empregar, o que provoca a reflexão sobre alguns elementos fundamentais: quais significados e referências tal palavra estabelece em relação a outras, quais fonemas podem ser utilizados a fim de criar um certo ritmo no
hai-kai e quais as relações ortográficas entre as sílabas.
• Utilizar a brincadeira de detetive, iniciar a caça aos erros ortográficos. Separar as palavras que os alunos tiveram dúvidas
ao escrevê-las, estão serão corrigidas e afixadas em um painel na sala, para freqüentes observações e revisões.
Observação: é recorrente em alguns hai-kais a utilização de expressões coloquiais da língua, por isso se faz necessário uma reflexão com os alunos sobre as modalidades escritas e orais da língua, bem como suas variações. Com isso, o aluno
perceberá o efeito estilístico de tais expressões nos hai-kais.
• Promover jogos ortográficos, como palavras cruzadas, charadas, caça-palavras, com palavras cuja grafia precisa ser internalizada. Antes deverá ser feita uma análise das produções que possibilite um levantamento das dúvidas mais
recorrentes que serão constitutivas de tais jogos.
• Identificar e comparar a quantidade da variação e da posição das letras na escrita de determinadas palavras através de bingos, textos lacunados, ordenação alfabética de palavras, a fim de correlacionar a escrita produzida com a escrita padrão.
• Utilizar os recursos específicos de revisão e reelaboração do próprio texto, observando se as palavras estão grafadas corretamente, com letra legível, bem dispostas no papel. Os processos de revisão, auto-avaliação e reelaboração dos textos escritos devem ser conduzidos pelo professor num primeiro momento, mas tende a se consolidar como um domínio
interiorizado pelo aluno gradativamente.
• Organizar na escola um espaço para exposição dos hai-kais escritos pelos alunos.
História e Geografia
• Contar a origem dos Hai-kais, observando o tempo e espaço em que foram produzidos.
• Realizar um estudo sobre aspectos geográficos e sócio-culturais do Japão, local de origem dos Hai-kais.
• Estudar e conhecer o processo de imigração não só dos japoneses, como também do Hai- kai para o Brasil, e como se deu a fusão das culturas ocidentais e orientais, destacando tempo e movimento literário da produção e articulação desta poesia.
Ciências
• Pensar na relação homem-natureza, muito explorada pelos hai-kais, partindo da observação do entorno da escola.
• Estudar as conseqüências advindas da ação modificadora do homem sobre a natureza, como por exemplo aquecimento global, desmatamento, secas, alterações climáticas, entre outros fenômenos. Tais assuntos podem servir de temas para a
produção de hai-kais.
Matemática
• Utilizar os hai-kais produzidos pelos alunos para contar sílabas e letras, verificando assim a métrica dos mesmos.Resultados esperados
Com o intuito de escapar da artificialidade muitas vezes inerentes a práticas escolares, decidimos estabelecer como forma de conclusão do projeto objetivos concretos de leitura e produção de textos, como por exemplo: 1) utilização dos hai-kais escritos pelos alunos para a confecção de cartões de visitas que seriam distribuídos em floriculturas e lojas de presentes; 2)
editar um livro com os hai-kais construídos;3) pintar os muros da escola com alguns hai-kais.
Como evento de divulgação do livro e dos cartões, programaríamos um sarau tendo como convidados os alunos e seus
pais,funcionários da escola, a comunidade e os escritores de hai-kais estudados.
Dessa forma, desenvolvemos um projeto interativo, que envolve todos num mesmo processo, com perspectivas de
estendê-lo para as séries finais do ensino fundamental e médio.
Consultorias
• Jornal Aldrava Cultural, Letras e Artes.
• Professor e Doutor José Benedito Donadon-Leal-UFOP.
• Andréia Donadon Leal - Poeta e Artista Plástica
Parcerias previstas
• ICHS,
• Alunos da E.E.Dom Benevides,
• Autores do livro Sendas de Bashô,
• Editora Aldrava, Letras e Artes.

Alunos da E. E. Dom Benevides
Apresentação no CEFET/Ouro Preto

Livros de hai-kais dos alunos
E. E. Dom Benevides      

RELATÓRIO

Quando o aluno é professor – resultados do projeto
Hai-kai: da arte poética à alfabetização.

J. B. Donadon-Leal

A Escola Estadual Dom Benevides apresentou na primeira semana de outubro os resultados de seu trabalho no projeto em parceria com os poetas do Jornal Aldrava Cultural – hai-kai: da arte poética à alfabetização. Os resultados não poderiam ser
melhores!
Iniciativa da supervisora Maria Eugênia Leal de Melo, da discente de Letras da UFOP, Sara Helena Quintino e da poeta Andréia Donadon Leal, o projeto foi prontamente acatado pelo corpo docente da Escola, que o desenvolveu com competência e abnegação. O que era para ser apenas um conjunto de exercícios de leitura de um livro de hai-kais tornou-se num grande projeto de abrangência multidisciplinar, com envolvimento de professores de todas as áreas de conhecimento do ensino do ciclo inicial e complementar de alfabetização. A resposta dos alunos também foi além da expectativa: além de interesse pela leitura do livro, os alunos produziram ilustrações e um surpreendente volume de hai-kais, suficiente para
edição de alguns livros.
A primeira semana de outubro foi movimentada na E. E. Dom Benevides. Na tarde do dia 03, os poetas aldravistas passaram a tarde sendo sabatinados pelos alunos participantes do projeto, lendo seus trabalhos literários, vendo as ilustrações produzidas na escola e ouvindo os poemas dos alunos. No dia 06, professores e alunos da escola, com a participação dos poetas aldravistas, apresentaram os resultados do trabalho no I Encontro de Educadores do Ciclo Inicial e Complementar de Alfabetização – relatos de inovações pedagógicas na escola, promovido pelo Centro de Referência do Professor da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais e Superintendência Regional de Ensino de Ouro Preto, realizado no teatro da CEFET - Ouro Preto. A apresentação das crianças foi uma aula de história, de matemática, de ciências, de artes, de música e de poesia, na mais bela expressão em Língua Portuguesa. A exposição dos trabalhos foi algo de encher os olhos, pois havia expostos livros produzidos pelos alunos, poemas e desenhos produzidos pelos alunos, além de cartazes com fotos
dos momentos de produção desses trabalhos.
Como isso foi possível?
Com a apresentação, há dois anos, do Projeto do Centenário da Escola Estadual Dom Benevides, a idéia de produção de projetos de inovação pedagógica foi lançada e abraçada pela comunidade escolar. No texto de introdução do Projeto do
Centenário, Andréia Donadon Leal diz:
O slogan do centenário da Escola Estadual Dom Benevides “nova imagem, novos tempos” marca a disposição de sua comunidade em desafiar o tempo. Espera-se de algo centenário a velhice, a decrepitude; no entanto, o Dom Benevides vem com a juventude, com a novidade, a força. Aquilo que a história centenária espelha é fermento para a rejuvenescência, por isso a nova imagem é a marca dessa efeméride; por isso os novos tempos denotam a eterna juventude do próprio tempo, na sua busca incessante de aprendizagem, vocação para a qual se constrói uma escola. A comunidade escolar do Dom Benevides não imagina para as festividades do seu centenário apenas a restauração do maravilhoso prédio em estilo neoclássico, único representante nesta cidade histórica, aliás, seu slogan nem trata de restauração, diz apenas do que ele é, novo desde a sua concepção e imagina uma comunidade viva e empenhada num projeto de convivência sempre enunciado
pelo novo, ao seu estilo, mas sem perder a noção do clássico, da qualidade e da marca indelével do saber.
A Escola estadual Dom Benevides não dorme no berço esplêndido de sua história. Ela sabe que acordar é sentir o brotar de mais um dia. Por isso, a cada manhã, a abertura de portas e janelas, a entrada de funcionários, alunos e professores, o soar do sinal de início de mais um turno de aulas representam o mais precioso presente da imagem sempre nova refletida no
espelho dos sonhos dessa comunidade que descortina todos os dias novos tempos de descobertas.
Nesses dois anos, como resultado deste grande projeto, a Escola Estadual Dom Benevides conquistou, como fruto de parcerias, o projeto arquitetônico de restauração do prédio histórico da escola e a aprovação desse projeto pela Secretaria de Estado de Educação de Minas gerais, com a liberação de verba para restauração do prédio, que se acha hoje pronto para receber o início das obras. Claro que houve desgaste nas negociações para a aquisição desses recursos, uma vez que o trâmite dos processos nas instâncias públicas é sempre muito penoso. O ônus de aguardar o término das obras, vendo alunos, professores e funcionários da escola em vários endereços espalhados pela cidade de Mariana, é compensado pelo
espírito de samurai dessa comunidade – guerreiros no sentido poético do termo.
A documentação histórica está sendo cuidadosamente trabalhada por equipe de historiadores da UFOP, que ciente da dimensão dessa escola pública na formação educacional e cultural de Minas Gerais tem tratado de organizar, catalogar, restaurar e estudar os registros escolares, representantes do patrimônio histórico e cultural de Minas Gerais.
No aspecto pedagógico, o Planejamento Escolar Anual tem sido feito em parceria com professores da UFOP, especialmente a partir da publicação do CBC-MG (Conteúdo Básico Comum), estudado minuciosamente e aplicado em todas as suas
dimensões nos planos de aula e nos projetos coletivos da escola.
O Projeto hai-kai: da arte poética à alfabetização cumpre com o que recomenda o CBC-MG, pois seleciona um tema e tópicos de pesquisa, transforma-os em projeto de trabalho para todo o ciclo inicial e complementar de alfabetização, considerando toda a dimensão de compreensão e de produção de textos, com reflexões sobre as linguagens verbais, visuais, olfativas e táteis, em suas instâncias de contextualização, tematização, enunciação e textualização; nas suas variações de gêneros e de discursos, na história social dos processos migratórios, especialmente do Japão para o Brasil; e no aspecto artístico e literário. O suporte básico foi o livro nas sendas de bashô, dos poetas aldravistas, a partir do qual os professores e os alunos buscaram livros de história, livros de hai-kais, livros de informações culturais sobre o Japão e de informações sobre a poesia, além de contato com os escritores e editores, o que tornou possível a demonstração dos processos de
produção e edição de um livro.
Nas razões para o ensino da Língua Portuguesa listados no CBC, destaco o seguinte:
Nosso conceito de natureza e de sociedade, de realidade e de verdade, nossas teorias científicas e valores, enfim, a memória coletiva de nossa humanidade está depositada nos discursos que circulam na sociedade e nos textos que os materializam. Textos feitos de gestos, de formas, de cores, de sons e, sobretudo, de palavras de uma língua ou idioma particular. Assim, a primeira razão e sentido para aprender e ensinar a língua portuguesa está no fato de considerarmos a linguagem como constitutiva de nossa identidade como seres humanos, e a língua portuguesa como constitutiva de nossa identidade
sociocultural. (CBC-MG, pág.8)
A produção dos alunos do ciclo inicial e complementar de alfabetização da E. E. Dom Benevides alcançou resultados que demonstram todos esses aspectos de justificativa para o ensino e apara o aprendizado da língua portuguesa. Através de uma forma clássica de poesia, o hai-kai, desconhecida por esse público e pouco citada nos manuais escolares, embora com estudo recomendado pelos PCNs, os alunos puderam experimentar como a circulação de discursos se dá na sociedade, brincando com conceitos e valores percebidos nos exercícios de leitura dos hai-kais; puderam experimentar como a produção de textos se dá na sociedade, nos exercícios de elaboração de textos icônicos, com as ilustrações de hai-kais, de textos olfativos, com as experiências de verificação dos diferentes odores de alimentos e fragrâncias; de textos táteis, com exercícios de toques e sensações em superfícies lisas, ásperas, porosas, com pêlos, úmidas, secas, gosmentas. Cada experiência textual produz um conjunto de discursos, pois os alunos são levados a encontrar conceitos e valores sociais e a
enunciá-los.
Entre os produtos apresentados, vale ressaltar a produção de livros de hai-kais pelos alunos. Os alunos da professora Maria Auxiliadora de Rezende Bicalho já foram brindados com a edição do livro Inocenes hai-kais, editado pela Editora Aldrava
Letras e Artes, já em fase de montagem e acabamento.
Os alunos de outras turmas também apresentaram seus livros de hai-kais:
Se a semana da criança deve ser comemorada, a E. E. Dom Benevides tem motivos de sobra para festejar. O projeto hai-kai: da arte poética à alfabetização demonstrou para todos os educadores da Região dos Inconfidentes como que um projeto de alfabetização pode ser bem sucedido. Parceria séria, professores e orientadores comprometidos com o desenvolvimento do projeto escolar e não apenas dos seus projetos individuais, alunos motivados e conscientes de seu papel na sociedade.
O lugar de trabalho da criança é a escola. A distribuição equilibrada de atividades lúdicas e atividades de informação e educação constitui um caminho seguro para o sucesso da escola. Os resultados deste projeto que aqui relato demonstram que uma escola pública pode ser um lugar saudável e acolhedor, propício para constituir o espaço adequado para o ensino e
o aprendizado de qualidade que a sociedade atual procura.

Alunos em atividade de leitura de hai-kais.
Professora Maria Auxiliadora
Alunos em atividade de leitura de hai-kais.
Professora Maria Auxiliadora


Apresentação dos resultados do projeto
Museu Casa Alphonsus de Guimaraens
Mariana, MG - 25/11/2006

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ORIENTAÇÕES:
COMO TRABALHAR PROJETOS EM ESCOLAS
!
Andréia Donadon Leal


Bons parceiros, que tragam idéias e soluções para desafios enfrentados no cotidiano por educadores e diretores, são sempre muito bem-vindos à escola. Acabamos assumindo esse papel de estímulo e inspiração ao governo, funcionando como uma nova peça na construção de uma escola mais eficiente e aberta à sociedade e, conseqüentemente, melhorando a aprendizagem dos alunos.
As associações sem fins lucrativos cresceram muito no país nas décadas de 70 e 80, sob grande influência de Paulo Freire. A maioria atua na aérea educacional, vista mais do que nunca como a principal estratégia de transformação social. Segundo o secretário-geral do Grupo dos Institutos e Fundações, Fernando Rossetti, se fortaleceu a idéia que é preciso ensinar a pescar em vez de dar o peixe e o melhor jeito de fazer isto é pela Educação.
Estas iniciativas de trabalho acabam valorizando a importância do conhecimento da cultura local para a construção da identidade das crianças.

Antes de iniciar sua contribuição em alguma escola: leve sua proposta para o serviço de supervisão escolar e diretoria do educandário. Nenhum projeto vai para frente sem antes contar com o auxílio e interesse da direção da escola.
Quer falar sobre poesia na escola? Comece com uma escola primeiro, assim o projeto terá resultado ao longo do ano. Nenhum projeto vai para frente sem antes ter os objetivos claros, justificativa e resultados esperados.Claro e certo também se tiver interesse, participação efetiva dos educadores. Leve novidade, isto cria uma expectativa grande na comunidade escolar.
Se conseguir usar a arte poética entrelaçada com as artes plásticas e ainda atrelar todas as disciplinas (interdisciplinaridade) melhor será seu projeto.
Uma sugestão para crianças da Fase Introdutória a Fase Complementar de Alfabetização: Hai-kais - poemas sintéticos que trabalha com as estações do ano e tecnicamente composto por 3 versos de 17 sílabas e se tiver UMA EDUCADORA para te auxiliar na execução do projeto melhor ainda. Não sei se é professor; educador todos somos...
Procure também a SUPERVISORA da escola antes; ela te auxiliará muito também.
Outra sugestão: NÃO LEVE UM PROJETO pronto para a escola sem antes pesquisar quais as necessidades da mesma. Antes faça a proposta de levar a poesia no recinto escolar e construa o projeto em conjunto com a instituição.
Falo isto de experiência.
Se tem intenção de trabalhar poesia com adolescentes, procure antes despertar a atenção deles. Geralmente esta fase é mais complexa e gosta de poemas que retratam o AMOR, poemas com linguagens que eles compreendam. Se tiver algum material que trabalha linguagem na Net, vão se amarrar. Para aguçar trabalhe também POESIA VISUAL, um bom começo. Estão em fase de desenvolvimento emocional.

 

COMO TRABALHAR POESIA EM SALA DE AULA?

Andréia Donadon Leal
Graduada em Letras pela UFOP

O trabalho de professores com poesia torna-se muitas vezes uma interrogação ou uma tarefa árdua. Como devo trabalhar com poesia na sala de aula? Recorrentes questionamentos de educadores das séries iniciais e finais do Ensino Fundamental. O que dizer da poesia produzida para crianças? A visão de mundo veiculada pela poesia por poetas do passado, de modo geral, tendia a favor dos pais, mestres e adultos, enquanto que, na modernidade, essa visão muda muito. É possível falar das asperezas da vida e do convívio, o ilogismo aparece suscitar o questionamento das aparências, e o cômico se funda sobre o inesperado e rebelde.
A poesia para crianças define-se como a que a criança também lê e aprecia, não sendo uma poesia menor. A poesia contemporânea de qualidade tem caminhado no sentido de desfazer clichês, as metáforas cristalizadas, o simbolismo hermético, para resultar a palavra; ou seja, os propósitos pedagógicos cedem lugar ao pensamento poético esteticamente comprometido com a arte. As obras poéticas de nossos grandes escritores, cito Cecília Meireles e Henriqueta Lisboa, como as mais indicadas poesias para a infância, justamente pelo fato de não escreverem especificamente para crianças; respeito à infância, oferecendo-lhe a possibilidade de combinar sons e imagens, satisfazendo seu gosto pela criatividade, experimentação lingüística e reelaboração do real.
Infelizmente para muitas crianças, o primeiro e último contato com a poesia é na escola. Fica a cargo do professor a tarefa de criar o gosto ou desgosto pela poesia. Há educadores que privilegiam o tempo em sala de aula com ensino de gramática, ensinando a medir as sílabas, grifar os substantivos do poema e a circular os verbos, etc. Agir assim pode limitar a imaginação criadora dos alunos ou enfraquecê-la, em vez de estimular a capacidade de criar. Nas séries iniciais a teorização é dispensável, pois torna o trabalho desestimulante, cansativo e esconde o sentido mais belo da poesia. A criança tem capacidade para viver poeticamente, independente da condição social, o conhecimento e o mundo. Cabe à escola criar situações para incentivar a criatividade, intuição e o ludismo do discente, de modo a despertar-lhe a sensibilidade poética.
Hoje não é somente necessário apresentar textos de qualidade, mas somar outros elementos a essa aproximação, como o entusiasmo do professor ou mediador. O conhecimento da terminologia técnica é dispensável nas primeiras séries do ensino fundamental, sendo mais importante o exercício de dizer e ouvir poemas e de participar com o poeta na identificação do seu material poético. Poemas com onomatopéias, aliterações, compassos curtos, repetições de vocábulos e rimas são excelentes para alunos da série inicial de alfabetização. Ao repetir versos, aliterações e sonoridades, a criança realiza suas primeiras aproximações com a poesia. A primeira fase de seu contato com a poesia é a do domínio das sonoridades. Para crianças menores o melhor é lidar com textos poéticos que privilegiam a sensibilização e a vivência do texto. A iniciação ao texto poético deve começar desde cedo, para que esse gosto, uma vez instalado, seja passado para a adolescência e idade adulta. Os leitores iniciantes apreciam poemas como trava-língua, jogos de sons e palavras ou pelo elemento representado como animais, folclore, pessoas queridas, objetos inusitados.

Sem pompas e exageros, a poesia deve ser antes de tudo, lida, ouvida, cantada, sentida, degustada e vivenciada. Atividades que privilegiam o ato de ouvir e ler poemas com vários ritmos, melodias e entonações é um excelente começo.Criança menor poderá ser oferecido livros poéticos com textos menos densos e com imagem visual para facilitar a leitura. O assunto ilustração no livro tem sido bastante questionado nos últimos anos segundo Neusa Sorrenti, em A Poesia vai à Escola. A imagem não se restringe à função de traduzir o texto; ela ilumina novas percepções de leitura. As ilustrações não devem tomar o texto ao pé da letra e sim que os desenhos sejam somados ao texto por meio do diálogo texto/ilustrador. A ilustração deixaria de ser um mero ornamento gráfico para ser um fator de ampliação do elenco de significação do texto. Vejo inúmeras ilustrações em livros infantis quererem “desenhar” o texto inteiro, ou seja, o ilustrador quer contar a história toda no desenho. Ledo engano e postura inaceitável. A poesia pode dispensar esse apoio, e quando ele existir, deve ser um algo a mais, guiado pela qualidade do conteúdo, pois o livro cairia na estratégia publicitária de criar belas embalagens para produto de gosto duvidoso.
O trabalho com textos poéticos curtos deixa com que o leitor complete-os com sua experiência e individualidade. A sonoridade das palavras para crianças tem similar sentido como seu sentido. Arranjos de palavras levarão o leitor a perceber a musicalidade e a sonoridade e com isto o professor poderá aproveitar e recorrer a exercícios que levam a recriar/ e ou inventar outras palavras. Textos que recorrem a sons repetidos também causam atrativos jogos de sonoridade, sobretudo quando incentivado o leitor a ler em voz alta, marcando a cadência batendo palmas. Poemas curtos apresentam estímulo ao pensamento. Outra sugestão: trabalhe também com livros de poetas locais. Posteriormente convide-os para participarem de um Sarau e entrevista com alunos. Quando a instituição consegue inserir no ambiente escolar a presença de poetas e artistas, este recurso funciona como uma nova peça na construção de um ensino mais eficiente e concreto, incentivando ainda mais o gosto e prazer pela leitura e consequentemente pela poesia.
Hoje os tempos são outros e cada um escolhe as letras para emendar seu texto... Nada melhor que citar o poeta Camões que sabiamente versejou há muito tempo:

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades...”